Onconews - Lumpectomia promove sobrevida equivalente à mastectomia em mulheres jovens com câncer de mama

frasson 21Mulheres jovens com câncer de mama (< 40 anos) têm sobrevida semelhante se tratadas com mastectomia ou cirurgia conservadora (lumpectomia), apontam resultados de análise retrospectiva de Pestana et al. O estudo foi apresentado no 23º encontro anual da Sociedade Americana de Cirurgiões de Mama, realizado de 6 a 10 de abril. “Mais uma vez a cirurgia conservadora comparada com mastectomia apresenta resultados iguais em termos de sobrevida, mesmo em mulheres mais jovens, reforçando o conceito de que se possível, este deve ser o tratamento de escolha, em qualquer idade”, avalia Antônio Frasson (foto), mastologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

Mulheres com câncer de mama precoce, abaixo dos 40 anos, têm tipicamente tumores mais agressivos e são diagnosticadas em um estágio mais avançado da doença em comparação com pacientes mais velhas com o mesmo tipo de câncer. Este estudo investiga a associação entre abordagem cirúrgica e sobrevida em mulheres mais jovens com câncer de mama.

Nesta análise, os pesquisadores revisaram retrospectivamente prontuários de 885 mulheres do Levine Cancer Institute, diagnosticadas com câncer de mama invasivo não metastático antes dos 40 anos e tratadas cirurgicamente entre 2010 e 2018 na mesma Instituição. Um total de 591 foram elegíveis, com dados disponíveis, estratificadas com base no receptor hormonal (HR) e no status HER2.

Os resultados reportados mostram que a idade mediana da coorte foi de 37 anos (IQR 34-39) e o tempo de seguimento foi de 67 meses (IQR 41-98). No geral, 12% das pacientes morreram (N=72). Os subtipos moleculares incluíram: HR+/HER2- (n=315, 53,3%), HR+/HER2+ (n=123, 20,8%), triplo negativo (n=114, 19,3%) e HR-/HER2+ (n=39, 6,6%). As variáveis avaliadas para associação com a sobrevida global incluíram idade, raça, IMC, estágio da doença, grau, presença de invasão linfovascular, extensão extranodal, tipo de cirurgia (conservação da mama vs mastectomia), presença e tempo de quimioterapia (neoadjuvante, adjuvante, nenhuma) e presença de terapia hormonal (quando apropriado). Uma parcela de 85,4% do grupo HR+/HER2- recebeu terapia antiestrogênica.

Na análise multivariada, Pestana et al. mostram que apenas a ausência de hormonioterapia foi significativa, com aumento de 2,9 no risco de óbito para as pacientes que não fizeram hormonioterapia (p=0,02). Na análise univariada, a raça negra (afro-americana) foi associada a um risco aumentado de morte em todas as categorias de subtipo molecular. No entanto, na análise multivariada, isso só ocorreu no grupo triplo negativo, onde a raça negra foi associada a um risco 5,7 vezes maior de morte (p=0,005), mesmo após contabilizar todos os outros fatores de risco. O uso de mastectomia versus conservação de mama não impactou a sobrevida global em nenhum dos subtipos moleculares.

"A sobrevida global não difere com base no tipo de cirurgia em pacientes mais jovens com câncer de mama. A orientação quanto aos resultados é importante, principalmente na redução da morbidade desnecessária de procedimentos cirúrgicos maiores, devido ao aumento do uso de mastectomia nessa faixa etária", concluem os autores.

Christine Pestana, primeira autora do estudo, observa que o câncer de mama é uma doença particularmente difícil para as mulheres mais jovens. "Estudos com foco específico nessas pacientes provavelmente forneceriam informações importantes para ajudar os médicos a entender, aconselhar e tratar melhor essas mulheres e apoiar a tomada de decisões", acrescenta.

Referências: Young Women with Breast Cancer: Does Surgical Approach Impact Overall Survival? 
Authors: Christine Pestana1, Sally Trufan2, Courtney Schepel2, Terry Sarantou2, Richard White2, Lejla Hadzikadic-Gusic2
Institutions: 1Atrium Health, Levine Cancer Institute, Winston Salem, NC, 2Atrium Health, Charlotte, NC