Onconews - Mais acurácia na biópsia transtorácica

Charles Zurstrassen NET OKEm lesões pulmonares acima de 30 mm de diâmetro coletadas em biópsias transtorácicas, o risco de um resultado falso-negativo pode chegar a 15%, o que dimensiona o enorme desafio de melhorar os métodos de confirmação histopatológica. Agora, estudo de Charles Zurstrassen (foto), do AC Camargo Cancer Center, apresenta resultados encorajadores, que podem impactar a rotina diagnóstica.

“Avaliar essas lesões suspeitas por métodos funcionais e metabólicos, como a difusão por Ressonância Magnética (DW-RM) e a Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET-CT), melhora a acurácia da biópsia, direcionando a coleta para a área de maior representatividade biológica”, explica Zurstrassen.

O estudo avaliou de forma prospectiva 27 pacientes com lesões pulmonares indeterminadas suspeitas de câncer. Nas lesões alvo de investigação, foram consideradas as áreas com maior captação no PET e aquelas de maior restrição à difusão das moléculas de água na Ressonância Magnética. Assim, os métodos de imagem permitiram direcionar a coleta da amostra para as lesões de maior representatividade biológica, onde a positividade chegou a 100% nas áreas de maior suspeição, com significância estatística.

Os resultados mostram que a utilização complementar de DW-RM ou PET-CT aumentou a acurácia na biópsia transtorácica, em lesões indeterminadas com suspeita de câncer. “Foram coletadas amostras de duas áreas distintas de uma mesma lesão pulmonar guiadas pelos valores locais de SUV e mapas de ADC, formando-se duas áreas arbitrariamente definidas como de suspeição menor e maior para câncer”, explica Zurstrassen, Diretor do Departamento de Radiologia Intervencionista do AC Camargo Cancer Center. “Foram positivas para câncer 100% das amostras da área de maior suspeição e 71,43% das amostras coletadas na área de menor suspeição (P= 0,0184)”, acrescenta o pesquisador.

Em conclusão, o estudo mostra através de métodos diagnósticos (PET-CT e DW-RM) que os tumores pulmonares são funcional e metabolicamente heterogêneos e que esta heterogeneidade tem implicações no diagnóstico histopatológico. “Não é um método para todos os pacientes, mas para pacientes selecionados, com lesões indeterminadas, acima de 30 mm. Sabemos que um falso-negativo atrasa o tratamento e piora o prognóstico do paciente. Mostramos que ao avaliar essas lesões suspeitas por PET-CT ou DW-RM podemos melhorar a acurácia da biópsia transtorácica”, conclui Zurstrassen. O estudo foi objeto da tese de doutorado do autor na Fundação Antônio Prudente, sob orientação de Rubens Chojniak, Diretor do Departamento de Imagem do AC Camargo Cancer Center.

Referência: Zurstrassen CE. Avaliação da imagem funcional através do PET/CT e DW-MRI nas biópsias transtorácicas guiadas por tomografia computadorizada. São Paulo; 2018. [Tese de Doutorado-Fundação Antônio Prudente].