Uma proteína está na chave da resistência à hormonioterapia. Níveis abaixo do normal da proteína TGF-beta receptor tipo 2 (TGFBR2) em mulheres com câncer de mama estrogênio receptor positivo (ER+) estão relacionados à resistência ao tratamento com tamoxifeno e a piores taxas de sobrevida livre de progressão.
Mulheres com câncer de mama ER+ que receberam tamoxifeno e cujos tumores expressaram baixos níveis de TGFBR2, tiveram uma taxa de sobrevida livre de recidiva 73% inferior em comparação com pacientes cujos tumores expressaram níveis relativamente elevados da proteína.Os resultados foram publicados na edição de 1º de abril do periódico Cancer Research.
"Este estudo é um importante gerador de hipótese que merece imediata confirmação em outros bancos de dados de adjuvância com hormonioterapia em câncer de mama", diz o oncologista Antonio Carlos Buzaid, chefe geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes (COAEM).
Metódos
Susann Busch e Göran Landberg, do Sahlgrenska Cancer Center na Universidade de Gotemburgo, Suécia, lideraram a investigação que analisou amostras tumorais de 564 pacientes na pré-menopausa inscritas em um ensaio clínico entre 1986 e 1991. Todas as pacientes receberam cirurgia e radioterapia, e foram então randomizadas 1-1 para tamoxifeno por 2 anos ou nenhum tratamento adjuvante.
Cerca de um terço das mulheres com câncer de mama ER-positivo tratadas com tamoxifeno não responderam à terapia inicial ou desenvolveram resistência.
Estudos anteriores demonstraram que tanto o estrogênio quanto o TGF-beta são vias de sinalização que podem direta e indiretamente interagir, e que a regulação anormal de cada via pode interferir com a ativação da outra. A alta expressão do TGFBR2 também demonstra ser indicador de mau prognóstico de sobrevida global em mulheres com doença ER-negativo.
Busch e colegas, portanto, levantaram a hipótese de que as mulheres que não são sensíveis ao tamoxifeno podem ter tumores com sinalização TGF-beta anormal.
Além de estudar amostras de tumor utilizando linhagens celulares de câncer de mama, os autores descobriram que sem expressão TGFBR2, estas linhagens celulares não respondem ao estrogênio ou ao tratamento com tamoxifeno. Além disso, uma linhagem de células de câncer de mama tamoxifeno-resistente teve baixa expressão TGFBR2 e ativação da viaTGF-beta anormal, o que sugere a importância potencial desta via na resistência ao tamoxifeno. O tamoxifeno induz a apoptose de linhagens celulares sensíveis, mas nessas células com expressão diminuída de TGFBR2, a apoptose foi prejudicada.
"Nossos estudos estabeleceram o papel da proteína de sinalização celular TGFBR2 na resistência à hormonioterapia em câncer de mama", disse Busch em um comunicado. "Os nossos dados indicam que a TGFBR2, que detecta a TGF-beta e, consequentemente, ativa a resposta celular subsequente, pode ser utilizada como um marcador clínico para identificar subgrupos de pacientes que podem não se beneficiar da terapia hormonal isolada e necessitar de terapias adicionais."
Referência: http://www.oncotherapynetwork.com/breast-cancer-targets/tamoxifen-resistance-predicted-molecular-marker#sthash.WE07Xiid.dpuf