Revisão sistemática e meta-análise que avaliou a eficácia e segurança de trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) em pacientes com metástases cerebrais do câncer de mama HER2 positivo incluiu 319 pacientes tratados com T-DXd, tanto no contexto de pesquisa clínica, quanto no cenário de mundo real. Os resultados foram relatados no ESMO Open e mostram mediana de sobrevida livre de progressão de 15 meses, com taxa de resposta objetiva intracraniana de 61% e taxa de benefício clínico intracraniano de 70%. "T-DXd se consolida como uma excelente opção para pacientes com câncer de mama HER2-positivo e metástases cerebrais estáveis e ativas", avalia o oncologista Fabio Franke (foto), investigador principal do Oncosite – Centro de Pesquisa Clínica em Oncologia.
Nesta revisão sistemática, Michelon e colegas pesquisaram dados da PubMed, Embase e Cochrane Library, bem como os sites da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) e do Simpósio de Câncer de Mama de San Antonio (SABCS). A busca compreendeu ensaios clínicos e estudos observacionais avaliando T-DXd em pacientes com metástases cerebrais do câncer de mama HER2 positivo.
Foram incluídos dez estudos, seis tomografias (n = 189) e quatro estudos observacionais (n = 130), com um total de 319 pacientes. A mediana da sobrevida livre de progressão foi de 15 meses [intervalo de confiança (IC) de 95% 13,9-16,1 meses]. A taxa de resposta objetiva (ORR) foi de 61% (IC 95% 52% a 70%) e a ORR intracraniana (IC) foi de 61% (IC 95% 54% a 69%).
Não foram observadas diferenças significativas na ORR e na IC-ORR entre dados de ensaios clínicos e estudos observacionais (P = 0,31 e 0,58, respectivamente). A taxa de benefício clínico foi de 80% (IC 95% 52% a 94%) e a taxa de benefício clínico intracraniano foi de 70% (IC 95% 54% a 82%). A ORR foi de 68% (IC 95% 57% a 77%) no subgrupo de pacientes com metástases cerebrais estáveis e de 60% (IC 95% 48%-72%) em pacientes com metástases cerebrais ativas, sem diferenças significativas entre os grupos (P = 0,35).
“Nossa revisão sistemática e meta-análise apoiam a atividade intracraniana de T-DXd em pacientes com metástases cerebrais estáveis e ativas. T-DXd demonstrou grande benefício na taxa de resposta objetiva geral e nas respostas intracranianas, destacando sua eficácia clínica e eficácia no mundo real nesta população”, concluem os autores.
Em síntese, esta meta-análise demonstrou o benefício de T-DXd na maior amostra de pacientes com lesão cerebral ativa tratados com T-DXd na literatura. “Nossos achados mostraram resultados notáveis: ORR geral de 61%, IC-ORR de 61%, taxa de benefício clínico geral de 80% e uma taxa de benefício clínico intracraniano de 70%. O uso de T-DXd resultou em benefícios para todos os pacientes com câncer de mama HER2 positivo e metástases cerebrais, independentemente do subgrupo: (1i) pacientes com metástases cerebrais estáveis e ativas e (2) na pesquisa clínica e no mundo real”, destacam os autores. “Além disso, os pacientes em tratamento com T-DXd alcançaram SLP mediana de 15 meses e tiveram redução de 70% no risco de progressão da doença em comparação com outras abordagens terapêuticas”, analisam.
"A boa impressão que já tínhamos em estudos isolados se confirma nesta meta-análise, demonstrando em mais de 300 pacientes dados muito positivos de endpoints importantes como taxa de resposta, benefício clínico e sobrevida livre de progressão. T-DXd se consolida como uma excelente opção para pacientes com câncer de mama HER2 positivo e metástases cerebrais estáveis e ativas, passando a ser a escolha também nesse subgrupo tão desafiador", conclui Franke.
A íntegra dos resultados está disponível em acesso aberto.
Referência: Published:February 05, 2024DOI:https://doi.org/10.1016/j.esmoop.2024.102233