Identificar a presença de lipopolissacarídeo intratumoral (LPS) por imuno-histoquímica pode servir como preditor negativo para a eficácia da gencitabina em pacientes com adenocarcinoma ductal pancreático avançado, como indicam resultados do ensaio de Fase III AIO-PK0104 publicados no British Journal of Cancer.
Neste estudo os pesquisadores avaliaram LPS em tecido tumoral de 130 pacientes tratados no estudo randomizado AIO-PK0104 e em uma coorte de validação (n = 113) para analisar a associação entre a presença de LPS e os resultados clínicos no adenocarcinoma ductal pancreático avançado.
Os resultados mostram que LPS foi detectado em 24% das amostras do AIO-PK0104; em pacientes LPS-positivos, a SG mediana foi de 4,4 meses, em comparação com 7,3 meses com tumores LPS negativos (HR 1,732, p = 0,010). Uma diferença na sobrevida global (SG) foi detectada em pacientes tratados com gencitabina de 1ª linha (n = 71; HR 2,377, p = 0,002), mas não no subgrupo sem gencitabina (n = 59; HR 1,275, p = 0,478). Na coorte de validação, a taxa de LPS positiva foi de 23%, e a detecção de LPS foi correlacionada com pior SG no subgrupo de gencitabina (n = 94; HR 1.993, p = 0,008), enquanto nenhuma diferença de SG foi observada no subgrupo sem gencitabina (n = 19; HR 2,596, p = 0,219).
“A detecção de LPS intratumoral como marcador substituto para a colonização bacteriana gram-negativa pode servir como preditor negativo para a eficácia da gencitabina em PDAC avançado”, concluem os autores.
O estudo está registrado na plataforma ClinicalTrials: NCT00440167.
Referência: Guenther, M., Haas, M., Heinemann, V. et al. Bacterial lipopolysaccharide as negative predictor of gemcitabine efficacy in advanced pancreatic cancer – translational results from the AIO-PK0104 Phase 3 study. Br J Cancer 123, 1370–1376 (2020). https://doi.org/10.1038/s41416-020-01029-7