Estudo liderado pelo oncologista Gustavo Schvartsman (foto), do Hospital Israelita Albert Einstein, buscou avaliar a incidência, padrões de progressão e desfechos das metástases cerebrais no melanoma (do inglês, melanoma brain metastases, MBM) em pacientes tratados com imunoterapia anti-PD‐1. Os resultados do trabalho realizado no MD Anderson Cancer Center foram publicados na Cancer.
As metástases cerebrais no melanoma ocorrem em até 50% dos pacientes com doença metastática (MM) e representam um local frequente de falha sistêmica do tratamento com terapias-alvo. No entanto, pouco se sabe sobre a incidência, padrões de progressão da doença e desfechos de longo prazo das MBM em pacientes tratados com anti-PD‐1.
Métodos
Um total de 320 pacientes com melanoma metastático tratados com anti-PD‐1 no MD Anderson Cancer Center, em Houston, foram revisados. As análises foram realizadas para identificar fatores associados à sobrevida livre de metástases cerebrais e sobrevida global (SG) usando modelos de regressão de Cox.
A mediana de idade dos pacientes foi de 63,3 anos. A sobrevida global desde o início da terapia anti-PD‐1 não foi significativamente diferente entre os pacientes sem metástases cerebrais antes do anti‐PD‐1 em comparação com os pacientes com metástases prévias (P = 0,359). Entre os pacientes sem metástase prévia, 21 (8,6%) desenvolveram metástases no sistema nervoso central durante o tratamento com anti-PD‐1, e 12 deles (4,9%) apresentaram progressão da doença apenas no sistema nervoso central, com doença sistêmica controlada. O desenvolvimento de metástases cerebrais durante ou após a terapia com anti-PD‐1 foi associado a uma sobrevida global mais curta (hazard ratio: 4,70; 95% IC, 3,18‐6,93).
Entre os pacientes com metástases antes do tratamento, 15 (20%) progrediram apenas no sistema nervoso central e 19 (25,3%) progrediram tanto intracraniana quanto extracranialmente; no momento do último cutoff de dados, 27 pacientes (36%) não haviam desenvolvido progressão da doença. Radionecrose ocorreu em 11,3% dos pacientes (7 de 62 pacientes) no grupo com metástase cerebral prévia que receberam radiocirurgia estereotáxica.
“O nosso trabalho reforça a eficácia do anti-PD-1 em pacientes com metástase cerebral por melanoma ao mostrar que a presença do diagnóstico antes do início do tratamento não resultou em pior sobrevida global. Porém, o sistema nervoso central permanece como sítio frequente de falha ao tratamento, mesmo na ausência de progressão extracraniana, reforçando a necessidade de exames de imagem de crânio de maneira rotineira, mesmo na ausência de sintomas, uma vez que o diagnóstico precoce pode proporcionar intervenções minimamente invasivas. A falha intracraniana durante ou após o uso de anti-PD-1, porém, se associa a pior sobrevida global, de modo que essa população ainda merece atenção especial e estudos clínicos dirigidos”, observa Schvartsman.
Referência: Incidence, patterns of progression, and outcomes of preexisting and newly discovered brain metastases during treatment with anti–PD‐1 in patients with metastatic melanoma - Gustavo Schvartsman et al - https://doi.org/10.1002/cncr.32454