Onconews - Mezigdomida é nova promessa no mieloma múltiplo

sangue ash22Artigo de Richardson et al. publicado no New England Journal of Medicine (NEJM) descreve resultados do agente experimental mezigdomida no tratamento do mieloma múltiplo, em análise que é tema de editorial na mesma edição. A combinação de mezigdomida mais dexametasona mostrou eficácia promissora em pacientes com mieloma múltiplo fortemente pré-tratados.

Neste estudo de fase 1–2, o agente experimental mezigdomida em combinação com dexametasona foi administrado via oral a pacientes com mieloma múltiplo (MM) recidivado e refratário. Os principais endpoints da fase 1 (coorte de aumento de dose) foram avaliar a segurança e a farmacocinética e identificar a dose e o esquema para a fase 2. Na fase 2 (coorte de expansão), os objetivos incluíram a avaliação da resposta global (resposta parcial ou melhor), segurança e eficácia de mezigdomida mais dexametasona na dose e esquema determinados na fase 1.

Os resultados relatados por Richardson et al. mostram que um total de 77 pacientes foram incluídos no estudo na fase 1. Os efeitos tóxicos limitantes da dose mais comuns foram neutropenia e neutropenia febril. Com base nos resultados da fase 1, os investigadores determinaram que a dose recomendada de mezigdomida na fase 2 é de 1,0 mg, administrada via oral uma vez por dia em combinação com dexametasona durante 21 dias, seguida de 7 dias de descanso, em cada ciclo de 28 dias.

Na fase 2, os autores descrevem que 101 pacientes receberam a dose identificada na fase 1 no mesmo esquema. Todos os pacientes na coorte de expansão de dose tinham mieloma múltiplo refratário a três linhas de tratamento, 30 pacientes (30%) haviam recebido terapia anterior com antígeno de maturação de células B (anti-BCMA) e 40 (40%) tinham plasmocitomas.

Os eventos adversos mais comuns, quase todos reversíveis, incluíram neutropenia (em 77% dos pacientes) e infecção (em 65%; grau 3, 29%; grau 4, 6%). Nenhum efeito tóxico inesperado foi encontrado. Uma resposta global ocorreu em 41% dos pacientes (intervalo de confiança [IC] de 95%, 31 a 51) e a duração mediana da resposta foi de 7,6 meses (IC 95%, 5,4 a 9,5; dados não maduros), com mediana de sobrevida livre de progressão de 4,4 meses (IC 95%, 3,0 a 5,5), com um acompanhamento mediano de 7,5 meses (variação de 0,5 a 21,9).

“A combinação totalmente oral de mezigdomida mais dexametasona mostrou eficácia promissora em pacientes com mieloma múltiplo fortemente pré-tratados, com eventos adversos relacionados ao tratamento consistindo principalmente em efeitos mielotóxicos”, concluem os autores.

Este estudo é financiado pela Celgene, uma empresa Bristol-Myers Squibb, e está registrado nas plataformas ClinicalTrials.gov: NCT03374085 e EudraCT nº 2017-001236-19.

Referência: Richardson PG, Trudel S, Popat R, Mateos MV, Vangsted AJ, Ramasamy K, Martinez-Lopez J, Quach H, Orlowski RZ, Arnao M, Lonial S, Karanes C, Pawlyn C, Kim K, Oriol A, Berdeja JG, Rodríguez Otero P, Casas-Avilés I, Spirli A, Poon J, Li S, Gong J, Wong L, Lamba M, Pierce DW, Amatangelo M, Peluso T, Maciag P, Katz J, Pourdehnad M, Bahlis NJ; CC-92480-MM-001 Study Investigators. Mezigdomide plus Dexamethasone in Relapsed and Refractory Multiple Myeloma. N Engl J Med. 2023 Aug 30. doi: 10.1056/NEJMoa2303194. Epub ahead of print. PMID: 37646702.