Pesquisadores da Johns Hopkins relataram que, em modelos animais, as células do mioepitélio funcionam como uma barreira para evitar que células cancerígenas se espalhem pelo corpo. Os resultados revelam que essa camada de células não é uma barreira estacionária, mas uma defesa ativa contra metástases do câncer de mama. Os resultados foram publicados 30 de julho no Journal of Cell Biology.
“Compreender como as células cancerígenas são contidas poderá nos auxiliar a desenvolver formas de prever o risco individual de metástases”, diz Andrew Ewald, professor de biologia celular na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins e membro da Johns Hopkins Sidney Kimmel Comprehensive Cancer Center.
A maioria dos tumores de mama começa nas células que revestem o interior dos dutos que transportam o leite materno. Essas células, por sua vez, são cercadas por células mioepiteliais, que trabalham juntas para mover o leite pelos dutos quando o bebê está amamentando.
Os pesquisadores observaram que quando as células invasoras Twist1 atravessaram a camada mioepitelial, as células mioepiteliais agarraram as células que se desviaram e as puxaram com sucesso dentro do duto mamário. Isso ocorreu 92% do tempo, através de 114 observações. "Essas descobertas estabelecem o novo conceito de mioepitélio como uma barreira dinâmica não mais como uma barreira estacionária", diz Katarina Sirka, co-autora do artigo publicado na Journal of Cell Biology.
Manipulação genética
Para confirmar esses achados, os pesquisadores alteraram duas características-chave das células mioepiteliais - sua capacidade de contração e sua relação numérica com as células invasivas.
Primeiro, os pesquisadores manipularam geneticamente células mioepiteliais de camundongos para esgotar sua actina de músculo liso, proteína responsável pela contração das células. Sob essa condição, o número de células invasivas que escaparam através da camada mioepitelial aumentou três vezes em comparação com as células-controle de um mioepitélio normal.
Da mesma forma, quando a proporção de células mioepiteliais diminuiu, aumentou o número de células neoplásicas que escapavam à barreira. Ao adicionar apenas duas células mioepiteliais para cada célula invasiva, a taxa de escape diminuiu quatro vezes em comparação com a disseminação de células invasivas sem barreira de defesa.
Para os autores, os dados mostram que tanto a integridade física do mioepitélio quanto a expressão gênica dentro das células mioepiteliais são importantes para prever o comportamento do câncer de mama.
Referências: Myoepithelial cells are a dynamic barrier to epithelial dissemination - Orit Katarina Sirka, Eliah R. Shamir, Andrew J. Ewald - J Cell Biol Jul 2018, jcb.201802144; DOI: 10.1083/jcb.201802144