O Programa de Vigilância do Amianto de Aachen (ASPA) apresentou resultados de trabalhadores expostos ao amianto observados ao longo de décadas, revelando como os padrões de exposição afetam a mortalidade por câncer e a duração da latência até a morte, em um dos maiores estudos de coorte já realizados.
O Programa de Vigilância do Amianto tem o objetivo de detectar doenças precoces relacionadas ao amianto em uma coorte de 8.565 trabalhadores da indústria de energia que enfrentam a exposição ocupacional.
Os pesquisadores acompanharam a mortalidade através do status vital, disponível para 8.476 participantes (99%), e de certidões de óbito, disponíveis para 89,9% dos participantes falecidos. Razões de mortalidade padronizadas (SMR) foram calculadas para cânceres relacionados ao amianto. As SMR de mesotelioma e câncer de pulmão foram estratificadas por duração da exposição, exposição cumulativa ao amianto e tabagismo. O efeito da idade na primeira exposição, exposição cumulativa ao amianto e tabagismo na duração da latência até a morte foi avaliado usando análise de regressão linear múltipla.
Os resultados foram relatados por Nelly Otte e colegas no Lung Cancer Journal e mostram que o risco de mortalidade de mesotelioma (n = 104) aumentou com a exposição cumulativa ao amianto, mas não com a duração da exposição; a maior mortalidade (SMR: 23,20; IC de 95%: 17,62–29,99) foi observada em participantes que realizaram atividades com exposições curtas extremamente altas (revisões de turbinas a vapor). A mortalidade por câncer de pulmão (n=215) não aumentou (SMR: 1,03; IC de 95%: 0,89–1,17).
A análise indica que a latência mediana até a morte foi de 46 (15–63) anos para mesotelioma e de 44 (15–70) anos para câncer de pulmão e que as mortes ocorreram entre 64 e 82 anos. A latência até a morte não foi influenciada pela idade na primeira exposição, exposição cumulativa ou tabagismo.
“A dose cumulativa parece ser mais apropriada do que a duração da exposição para estimar o risco de morte por mesotelioma. Além disso, a exposição com altas doses cumulativas em curto espaço de tempo deve ser considerada”, destacam os autores. “Como apenas a mortalidade por câncer de pulmão foi registrada neste estudo, não a incidência, o risco de câncer de pulmão associado à exposição ao amianto não pôde ser avaliado e a mortalidade por câncer de pulmão foi menor”, analisam.
Diante desses achados, o estudo mostra que a janela de tempo crítica de morte por câncer relacionado ao amianto é entre a sétima e a nona década de vida. A idade de morte não foi afetada pela idade da primeira exposição, exposição cumulativa ao amianto e tabagismo.