As mulheres têm mais eventos adversos (EAs) da quimioterapia do que os homens, mas poucos estudos investigaram as diferenças entre os gêneros quanto às imunoterapias ou terapias-alvo. Agora, análise publicada no Journal of Clinical Oncology a partir de ensaios clínicos (Fase 2 e 3) do SWOG realizados entre 1980 e 2019 mostra que as mulheres experimentaram risco aumentado de EAs sintomáticos graves em todos os tratamentos, especialmente imunoterapia (OR = 1,66; IC 95%, 1,37 a 2,01; P <0,001).
Joseph Unger e colegas consideraram EAs relacionados ao tratamento, excluindo tumores associados ao sexo. Os códigos e graus de severidade de EA foram categorizados usando os Critérios de Terminologia Comum para Eventos Adversos. Treze categorias de EA sintomáticas e 14 objetivas foram examinadas em ensaios clínicos de Fase 2 e 3 realizados pelo Southwest Oncology Group (SWOG) entre 1980 e 2019.
No total, 23.296 pacientes (mulheres, N= 8.838 [37,9%]; homens, N=14.458 [62,1%]) de 202 ensaios foram analisados, reportando 274.688 EAs. Dessa população, 17.417 receberam quimioterapia, 2.319 receberam imunoterapia e 3.560 foram tratados com terapia-alvo. No geral, 64,6% (n = 15.051) tiveram um ou mais EAs graves (grau ≥ 3). As mulheres tiveram risco 34% maior de EAs graves na comparação com os homens (odds ratio [OR] = 1,34; IC 95%, 1,27 a 1,42; P <0,001), incluindo risco aumentado de 49% entre aquelas que receberam imunoterapia (OR = 1,49; IC 95%, 1,24 a 1,78; P < 0,001).
As mulheres também apresentaram risco aumentado de EAs sintomáticos graves em todos os tratamentos, especialmente imunoterapia (OR = 1,66; IC 95%, 1,37 a 2,01; P <0,001). Mulheres que receberam quimioterapia ou imunoterapia apresentaram aumento de EA hematológicos graves. Os autores descrevem que não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os sexos no risco de EAs não hematológicos.
“A maior gravidade de EAs sintomáticos e EAs hematológicos em mulheres foi observada em várias modalidades de tratamento. Isso pode ser devido a diferenças nos EA relatados, farmacogenômica do metabolismo/biodisponibilidade da droga, dose total recebida e/ou adesão à terapia. Grandes diferenças entre homens e mulheres foram particularmente observadas para pacientes que receberam imunoterapia, sugerindo/ que estudar EAs desses agentes é uma prioridade”, concluem os autores.
Referência: Sex Differences in Risk of Severe Adverse Events in Patients Receiving Immunotherapy, Targeted Therapy, or Chemotherapy in Cancer Clinical Trials - DOI: 10.1200/JCO.21.02377 Journal of Clinical Oncology - Published online February 04, 2022.