Onconews - Inibidores de aromatase e recorrência do câncer de mama

MAMA bxNovo estudo do Early Breast Cancer Trialists' Collaborative Group (EBCTCG) mostrou que o uso de inibidores de aromatase reduz em mais de 30% o risco de recorrência do câncer de mama receptor de estrogênio positivo em mulheres na pré-menopausa na comparação com tamoxifeno. Os resultados foram publicados por Bradley et al. no Lancet Oncology.

Neste estudo, os pesquisadores combinaram dados de quatro ensaios clínicos randomizados envolvendo mais de 7.000 mulheres com câncer de mama inicial com indicação de supressão ovariana. As pacientes foram randomizadas para inibidor de aromatase ou tamoxifeno por três ou cinco anos. Durante acompanhamento mediano de oito anos, os dois grupos foram comparados quanto à recorrência do câncer de mama e mortes pela doença ou por qualquer outra causa.

“Obtivemos dados de todos os quatro ensaios (ABCSG XII, SOFT, TEXT e HOBOE), que incluíram 7.030 mulheres com tumores ER-positivos entre 17 de junho de 1999 e 4 de agosto de 2015”, descrevem os autores.

Os resultados mostram que da população total do estudo, 888 (12,6%) mulheres tiveram recidiva do câncer de mama e 418 óbitos foram registrados, 54 por causas não relacionadas ao câncer de mama. Nas mulheres tratadas com supressão ovariana, a recorrência foi significativamente menor no grupo que recebeu inibidores da aromatase (RR 0 79, 95% CI 0 69–0 90, p=0 0005). Bradley e colegas destacam que o principal benefício foi observado nos anos 0–4 (RR 0 68, IC 99% 0 55–0 85; p<0 0001), período em que os tratamentos diferiram, com 32% (IC 95%) 1 8–4 5) de redução absoluta no risco de recorrência em 5 anos (6,9% vs 10,1%) em favor dos inibidores de aromatase. Não houve benefício adicional, ou perda de benefício, nos anos 5–9 (RR 0 98, IC 99% 0 73–1 33, p=0 89) ou além do ano 10.

O uso de inibidor de aromatase também reduziu a recorrência à distância (RR 0 83, IC 95% 0 71–0 97; p=0 018). Não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos para mortalidade por câncer de mama (RR 1,01, IC 95% 0,82–1,24; p=0,94), morte sem recorrência (1,30, 0,75–2,25); p=0,34) ou mortalidade por todas as causas (1,04, 0,86–1,27; p=0,68).

Quando comparado o perfil de segurança, houve mais fraturas ósseas com inibidores de aromatase do que com tamoxifeno (227 [64%] de 3.528 mulheres tratadas com um inibidor de aromatase vs 180 [51%] de 3.502 mulheres em uso de tamoxifeno; RR 1 27 [IC 95%). 1· 04–1·54]; p=0·017).

“O uso de um inibidor de aromatase em vez de tamoxifeno reduz o risco de recorrência do câncer de mama em mulheres na pré-menopausa que recebem supressão ovariana. É necessário um acompanhamento mais longo para avaliar qualquer impacto na mortalidade por câncer de mama”, analisam os autores.

O uso de tamoxifeno pode aumentar o risco de anormalidades endometriais, incluindo pólipos uterinos e câncer endometrial. Nesta análise, a incidência de câncer endometrial em cinco anos foi maior no grupo tamoxifeno (0,3%) em comparação com o grupo inibidor de aromatase (0,2%), mas ainda de ocorrência rara.

“Nosso objetivo era descobrir se as mulheres na pré-menopausa tratadas com supressão ovariana poderiam se beneficiar mais dos inibidores da aromatase do que do tamoxifeno e esses achados mostram conclusivamente que esse é o caso para prevenir a recorrência do câncer de mama”, disse a primeira autora, Rosie Bradley (Oxford Population Health). “No entanto, precisamos acompanhar as pacientes por mais tempo para descobrir se as mortes por câncer de mama também são reduzidas”, esclarece.

O estudo foi financiado pela Cancer Research UK.

A íntegra do artigo está disponível, em acesso aberto. 

Referência: Aromatase inhibitors versus tamoxifen in premenopausal women with oestrogen receptor-positive early-stage breast cancer treated with ovarian suppression: a patient-level meta-analysis of 7030 women from four randomised trials - Early Breast Cancer Trialists' Collaborative Group (EBCTCG) - Open Access Published: February 03, 2022 DOI: https://doi.org/10.1016/S1470-2045(21)00758-0