A presença de 2 ou mais mutações de EGFR altera a eficácia do tratamento com TKIs de primeira geração. Os achados são de uma grande análise retrospectiva apresentada no European Lung Cancer Congress (ELCC) 2018, realizado de 11 a 14 de abril em Genebra, Suíça. Os resultados mostraram que pacientes com adenocarcinoma pulmonar avançado e mutações complexas do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) tiveram taxas de resposta bastante diferentes no tratamento com inibidores de tirosina quinase (TKI) de primeira geração.
Pacientes com adenocarcinoma de pulmão avançado podem apresentar duas ou mais mutações de EGFR diferentes em uma única amostra de tumor, o que configura mutações complexas. Os achados do estudo chinês apresentado na ELCC 2018 por Bo Zhang, do Departamento de Pneumologia do Shanghai Chest Hospital, em Xangai, mostram que a resposta aos TKIs variou muito de acordo com o tipo de mutação do EGFR.
Nessa análise retrospectiva, Zhang e colegas inscreveram pacientes diagnosticados com adenocarcinoma de pulmão EGFR mutados, de janeiro de 2011 a janeiro de 2017, e revisaram a eficácia do tratamento com TKIs em mutações complexas. Dos 5898 pacientes EGFR mutados, as mutações complexas foram diagnosticadas em 187, refletindo uma frequência de 3,2% dos pacientes EGFR mutados. Desses, 95 tinham adenocarcinoma pulmonar avançado e foram tratados com TKIs.
Enquanto os 27 pacientes com mutação Del-19 + 21L858R demonstraram taxa de resposta objetiva (ORR) de 72,7% com tratamento com TKIs, 28 pacientes com mutações atípicas de Del-19 / 21L858R + tiveram ORR de 54,2%. Vinte pacientes com dupla mutação atípica tiveram TRR de 66,7% após o tratamento com TKI.
A mediana de sobrevida livre de progressão (SLP) nas respectivas coortes foi de 18,2 meses (intervalo de confiança de 95% [IC] 12,0, 24,4), 10,1 meses (IC 95% 6,5, 13,7) e 11,1 meses (IC 95% 6,8,15,4).
A resposta mais pobre foi observada em 20 pacientes com mutações complexas e com padrão primário resistente aos medicamentos, subgrupo que demonstrou ORR de 15,0% com tratamento com TKI. A média de SLP nestes pacientes foi de apenas 1,4 meses (IC 95% 0,2, 2,5).
Para os autores, a primeira geração de TKIs de EGFR é eficaz em pacientes com mutações atípicas Del-19 + 21L858R, Del-19 / 21L858R + e mutações atípicas duplas. No entanto, o tratamento com TKIs foi menos eficaz em pacientes com mutações complexas e padrão primário resistente a medicamentos.
Referência: 140PD – Zhang B, Wang S, Qian J, et al. Complex epidermal growth factor receptor (EGFR) mutations and responses to tyrosine kinase inhibitors (TKIs) in advanced lung adenocarcinomas.
Leia mais: ELCC 2018 e os destaques da oncologia torácica
Biomarcadores são promessa no mesotelioma