Um estudo do Gynecologic Oncology Group austríaco sugere que níveis elevados de neopterina estão associados com piores resultados de sobrevida em pacientes com câncer de ovário. Os resultados foram publicados na edição online do Annals of Oncology.
Pacientes com níveis de neopterina normais antes e após o tratamento apresentaram o melhor prognóstico, seguidos de pacientes com níveis elevados que se normalizaram após o tratamento. Pacientes com níveis elevados em ambas as medições tiveram pior desempenho.
Neopterina é produzido por macrófagos após estimulação por interferon-gama, o que significa que concentrações elevadas indicam uma resposta imune celular inata."A maioria dos estudos em pacientes com doenças malignas encontraram uma associação entre concentrações elevadas de neopterina e redução de sobrevida. No entanto, neopterina não é um marcador tumoral clássico, uma vez que não é produzido pelas próprias células cancerosas", escreveram os autores do estudo liderado por Christian Marth, da Universidade de Medicina de Innsbruck, na Áustria.
"Neopterina pode ser um biomarcador interessante e merece uma investigação prospectiva para a seleção de pacientes que podem tirar o máximo proveito da manutenção do bevacizumabe no tratamento inicial do câncer de ovário", afirmaram.
O estudo
O estudo mediu os níveis de neopterina na urina no diagnóstico e após o tratamento primário em 114 pacientes com cistoadenomas de ovário e 223 mulheres com câncer de ovário invasivo. Os pacientes sobreviventes foram acompanhados por uma média de 161 meses.
Os níveis elevados de neopterina (definida como> 250 µmol/mol/mol de creatinina, para calcular as diferenças na densidade da urina) foram encontrados com menor frequência em mulheres com cistoadenomas benignos de ovário (24%) do que em pacientes com doença maligna (58%).
Depois de 10 anos, apenas 57% dos pacientes com câncer de ovário com níveis elevados de neopterina na urina sobreviveram sem progressão da doença após terapia primária, comparados com 86% das mulheres com níveis normais (P <0,001).
Em uma análise univariada, níveis elevados de neopterina, tanto antes como após a terapia, foram significativamente associados com a sobrevida global e sobrevida livre de progressão (P<.001). A mediana de sobrevida livre de progressão foi de 52 e 12 meses, e a mediana de sobrevida global foi de 81 e 24 meses para os pacientes com neopterina normal e elevada, respectivamente. Estadio FIGO, grau do tumor, tumor residual após a cirurgia, idade e subtipo histológico do tumor também foram associados com os resultados de sobrevida.
A análise multivariada mostrou que os níveis de neopterina pré-tratamento permaneceram significativamente preditivos da sobrevida global. Pacientes com neopterina elevada tiveram um risco relativo de morte de 5,2 (95%IC, 3-11,85; P <0,05) em comparação com os níveis não elevados. Tumor residual e idade também permaneceramcomo preditivos de sobrevida global.
Um subgrupo de 30 pacientes com câncer de ovário invasivo estadio inicial (FIGO I ou II) foi analisado como um grupo separado. Três destes pacientes tinham níveis elevados de neopterina, e dois deles morreram da doença; apenas dois dos 27 pacientes com níveis normais de neopterina pré-tratamento morreram (P = 0,004).
"A medição da neopterina na urina é uma análise simples que poderia permitir a adaptação dos exames de acompanhamento, especialmente para pacientes com níveis persistentemente elevados que estão em maior risco de progressão da doença", concluíram os autores.
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Referência: Long-term significance of urinary neopterin in ovarian cancer: a study by the Austrian Association for Gynecologic Oncology (AGO) - B. M. Volgger, G. H. Windbichler, A. G. Zeimet, A. H. Graf, G. Bogner, L. Angleitner-Boubenizek, M. Rohde, U. Denison, G. Sliutz, L. C. Fuith, D. Fuchs and C. Marth,*- Ann Oncol (2016) doi: 10.1093/annonc/mdw248 First published online: June 29, 2016