O câncer de pâncreas ainda é pouco compreendido e as taxas de sobrevida em 5 anos têm ser mantido em cerca de 5% durante as últimas quatro décadas. Agora, uma nova técnica deve impulsionar a investigação sobre a doença ao ajudar a identificar as causas do câncer pelo sequenciamento genético e revelar grandes conjuntos de genes associados ao câncer de pâncreas. O estudo foi publicado na dição de dezembro da NatureGenetics.
A descoberta permite que os pesquisadores sejam capazes de olhar mais de perto os genes envolvidos no câncer de pâncreas, na esperança de encontrar drogas eficazes para a doença.
"O progresso no tratamento do câncer de pâncreas foi tímido porque ainda não entendemos a doença adequadamente", afirmou Allan Bradley, do Instituto Sanger, nos Estados Unidos. "PiggyBac pode ser usado em conjunto com o SleepingBeauty, outra ferramenta transposon, e com o sequenciamento completo do genoma para nos permitir ver em detalhes as origens deste tipo de câncer."
A técnica funciona por meio da introdução de seções de DNA chamadas PiggyBactransposons no genoma do rato. Os transposons saltam no interior do genoma, reinserindo-se ao acaso e causando uma mutação diferente em cada célula. Isso desencadeia o desenvolvimento de tumores e permite rastrear as impressões digitais deixadas durante a oncogênese, permitindo a descoberta dos genes afetados que causam câncer.
A ferramenta PiggyBac foi projetada inicialmente para permitir a indução de câncer em tecidos individuais do rato, e o método pode ser agora utilizado para estudar qualquer tipo de câncer.
O rastreamento PiggyBac pode facilitar a busca mutacional porque os transposons saltam diretamente para os genes relevantes. Além disso, a ferramenta monitora o desenvolvimento de tumores em ratos e, portanto, os pesquisadores também são capazes de observar as consequências de mutações cancerígenas e como elas contribuem para o progresso da doença.
"Os recentes avanços no sequenciamento do genoma do câncer deram ideias extraordinárias para os eventos genéticos subjacentes ao câncer. No entanto, ainda estamos longe de compreender a complexidade dos processos moleculares que conduzem ao desenvolvimento da doença", disse o professor Roland Rad, da Technische Universität München e do Centro Alemão de Pesquisa em Câncer."O rastreamento imparcial de todo o genoma em ratos nos permite ver o câncer a partir de um ângulo diferente e responder a questões biológicas que não podem ser resolvidas com outras abordagens”, acrescentou.
O estudo identificou muitos genes cujo envolvimento no câncer de pâncreas era até então desconhecido. Exemplo disso é o FOXP1, que foi atingido por transposons em frequências muito altas em 49 tumores de ratos estudados. Quando o FOXP1 foi induzido, os tumores do pâncreas se espalharam para outros órgãos, o que sugere que o gene conduz à progressão tumoral. Este achado foi confirmado quando os pesquisadores analisaram amostras de humanos e encontraram altos níveis do gene FOXP1 em cânceres que tinham metastatizado.
Em um certo número de ratos, transposons foram inseridos em regiões do genoma não codificado. Essas inserções fixaram áreas potencialmente envolvidas na regulação de genes causadores de câncer. Além disso, da mesma forma que os seres humanos, os ratos desenvolveram vários subtipos de câncer de pâncreas, que não só têm aparências microscópicas distintas, mas também mostram diferentes comportamentos clínicos. O estudo descobriu processos moleculares como responsáveis por desencadear a formação desses subtipos de câncer.Os laboratórios também começaram a utilizar a técnica para investigar tumores em outros tecidos.
Referências:
http://www.nature.com/ng/journal/v47/n1/full/ng.3164.html