Onconews - Novas drogas ampliam estratégias de tratamento no câncer de pulmão

Zukin_2_NET_OK.jpgEm artigo exclusivo, o oncologista Mauro Zukin (foto), diretor técnico do Grupo COI (Clínicas Oncológicas Integradas), comenta os medicamentos aprovados pelo FDA para câncer de pulmão em 2015. "O impacto das novas drogas aprovadas varia em termos de resultados, mas sem dúvida, todas denotam um avanço", afirma.

O ano de 2015 foi inovador para os pacientes com câncer de pulmão. O U.S. Food and Drug Administration (FDA), agência regulatória norte-americana, aprovou seis novas drogas para tratamento da doença – um fato inédito, que caracteriza os grandes avanços que vêm sendo realizados na área. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1,5 milhão de pessoas são diagnosticadas anualmente com câncer de pulmão e, infelizmente, a grande maioria – cerca de 1,3 milhão – morre em decorrência da doença.
 
Há algum tempo, o câncer de pulmão vem despertando o interesse da comunidade científica por descobertas que ajudam a melhorar o panorama do tratamento. O impacto das novas drogas aprovadas em 2015 pelo FDA varia em termos de resultados, mas sem dúvida, todas denotam um avanço.
 
A aprovação do nivolumab e do pembrolizumab contempla um dos maiores avanços no ano: a incorporação da imunoterapia. A aprovação de ramucirumab, um inibidor da angiogênese (estratégia já utilizada na prática oncológica), permite um ganho pequeno, porém consistente.
 
Outra grande vitória foi a aprovação de alectinib para um grupo de pacientes que expressam a fusão do gene ALK e que falharam à primeira linha com crizotinib. A aprovação trouxe novo fôlego para esse seleto grupo de pacientes que dispunham de poucas opções de tratamento.
 
Já a aprovação do necitumumab, em combinação com quimioterapia em primeira linha de tratamento para pacientes com histologia escamosa – manifestada em 30% dos casos –, veio em um momento em que há muito tempo não eram experimentadas novas estratégias que pudessem mudar o panorama de tratamento.
 
A última droga, mas não menos importante, foi o osimertinib, para pacientes que expressam a mutação do EGFR e progrediram após tratamento de primeira linha com um inibidor de tirosina-quinase. Os pacientes que expressam a mutação de resistência (T790) agora apresentam uma nova opção, o que antes não existia com grande impacto.
 
Ainda que essas drogas não tenham sido autorizadas no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – com exceção do nivolumab, ainda em fase de precificação –, a revisão dessas aprovações pelo FDA nos leva a concluir que 2015, sem dúvida, foi um grande ano para o tratamento do câncer de pulmão. Não só pelo número de drogas incorporadas, mas também pela diversidade de estratégias utilizadas.
 
*Autor: Mauro Zukin é oncologista e diretor técnico do Grupo COI (Clínicas Oncológicas Integradas).

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