Um guideline publicado em abril pela American Urogynecologic Society (AUGS) traz recomendações específicas para o rastreamento e diagnóstico de câncer urológico em mulheres com presença de hematúria microscópica assintomática. As recomendações trazem distinções importantes em relação ao preconizado pela American Urological Association.
A hematúria microscópica assintomática é um importante sinal clínico de malignidade no trato urinário e recebeu diferentes definições ao longo dos anos. O diagnóstico diferencial também apresenta variações importantes entre homens e mulheres, assim como o risco de desenvolver tumores de bexiga, ureter e rim é significativamente menor na população feminina.
Diante dessas evidências, o guideline da AUGS traz novas diretrizes para o diagnóstico de hematúria microscópica em mulheres. As recomendações da American Urological Association de 2012 preconizavam apenas um único espécime positivo com três ou mais glóbulos vermelhos por campo de alta potência sem causa benigna óbvia para considerar o diagnóstico. Agora, a AUGS considera que a presença de hematúria microscópica precisa ser avaliada por cistoscopia e por imagem do trato superior com urografia com TC multifásica, com e sem contraste intravenoso. Os autores lembram que a presença de ‘sangue’ em uma amostra de urina não é hematúria, mas um achado que indica a necessidade de avaliação microscópica das células vermelhas.
Risco de câncer
A diretriz também discrimina as mulheres de alto risco para o desenvolvimento de câncer no trato urinário. Idade superior a 60 anos, antecedentes de tabagismo e presença de hematúria visível são os mais fortes preditores de risco.
O novo guideline recomenda que mulheres assintomáticas e de baixo risco, as não-fumantes, com idades entre 35-50 anos, somente devem ser rastreadas se tiverem mais de 25 glóbulos vermelhos por campo de alta potência. Nessa população, o risco de câncer no trato urinário é menor ou igual a 0,5%. Nesse caso, a avaliação diagnóstica pode resultar em mais danos do que benefícios, enfatizam os autores.
Referências: Asymptomatic Microscopic Hematuria in Women - Comittee on Gynecologic Practice American Urogynecologic Society