Selinexor uma vez por semana atua como nova terapia em pacientes com câncer endometrial (CE) avançado ou recorrente? Novos dados de estudo randomizado de fase 3 mostram que a sobrevida livre de progressão (SLP) não atingiu significância estatística na população com intenção de tratar, contrastando com análise exploratória que mostrou benefício significativo de SLP em pacientes com CE sem mutação de TP53.
Ao prevenir a exportação nuclear mediada pela exportina-1, resultando no acúmulo nuclear de proteínas supressoras de tumor, incluindo p53, Selinexor mostrou atividade clínica no câncer endometrial (CE). Neste estudo de fase 3 randomizado, prospectivo, multicêntrico, duplo-cego, controlado por placebo (ENGOT-EN5/GOG-3055/SIENDO), o principal endpoint primário foi avaliar a sobrevida livre de progressão (SLP) com selinexor oral uma vez por semana em pacientes com câncer endometrial avançado ou recorrente.
Foram incluídas pacientes com 18 anos ou mais com câncer de endométrio confirmado histologicamente, a partir de 107 locais, em 10 países. Todas completaram uma única linha de pelo menos 12 semanas de quimioterapia combinada taxano-platina e obtiveram resposta parcial ou completa. As pacientes foram randomizadas 2:1 para receber 80 mg de selinexor oral uma vez por semana ou placebo.
Entre janeiro de 2018 e dezembro de 2021, as pacientes receberam selinexor (n= 174) ou placebo (n=89). A SLP mediana foi de 5,7 meses (IC 95%, 3,81 a 9,20) com selinexor versus 3,8 meses (IC 95%, 3,68 a 7,39) com placebo (razão de risco [HR], 0,76 [IC 95%, 0,54 a 1,08]; dois -sided P = 0,126), resultado que não atendeu aos critérios de significância estatística na população com intenção de tratar.
Os autores descrevem que foram identificados dados incorretos de estratificação da resposta à quimioterapia para 7 (2,7%) pacientes. Numa análise exploratória pré-especificada de SLP em dados de estratificação auditados, a SLP para selinexor atingiu o limiar de significância estatística (HR, 0,71; IC 95%, 0,499 a 0,996; P bilateral = 0,049). Além disso, os pacientes com câncer endometrial TP53 de tipo selvagem (wt) tiveram SLP mediana de 13,7 e 3,7 meses com selinexor e placebo.
Em relação ao perfil de segurança, os eventos adversos de grau 3 mais comuns relacionados ao tratamento foram náuseas (9%), neutropenia (9%) e trombocitopenia (7%).
“O nível de significância para SLP só foi atingido na análise auditada. No entanto, uma análise preliminar de um subgrupo exploratório pré-especificado de pacientes com CE TP53wt mostrou resultados promissores com a terapia de manutenção com selinexor”, concluem os autores.
Este estudo está registrado na plataforma ClinicalTrials.gov: NCT03555422.
Um ensaio clínico randomizado usando selinexor como terapia de manutenção para participantes com câncer endometrial avançado ou recorrente com p53 de tipo selvagem está em andamento.
Referência: Vergote I, Pérez-Fidalgo JA, Hamilton EP, Valabrega G, Gorp TV, Sehouli J, Cibula D, Levy T, Welch S, Richardson DL, Guerra EM, Scambia G, Henry S, Wimberger P, Miller DS, Klat J, Martínez-Garcia J, Raspagliesi F, Pothuri B, Romero I, Bergamini A, Slomovitz B, Schochter F, Høgdall E, Fariñas-Madrid L, Monk BJ, Michel D, Kauffman MG, Shacham S, Mirza MR, Makker V; ENGOT-EN5/GOG-3055/SIENDO Investigators. Oral Selinexor as Maintenance Therapy After First-Line Chemotherapy for Advanced or Recurrent Endometrial Cancer. J Clin Oncol. 2023 Sep 5:JCO2202906. doi: 10.1200/JCO.22.02906. Epub ahead of print. PMID: 37669480.