Onconews - O cenário do CPCNP avançado no sistema privado de saúde brasileiro

aknar gustavoEstudo de coorte retrospectivo de base populacional que buscou avaliar as características dos pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) estágio III/IV e sua trajetória no sistema privado de saúde brasileiro publicou resultados na Frontiers in Oncology, em artigo que tem participação dos oncologistas Aknar F. Calabrich e Gustavo Schvartsman (foto).

O CPCNP ainda é diagnosticado em estágios avançados no Brasil.  Schvartsman e colegas argumentam que a disponibilidade de novas opções de tratamento mudou o manejo dos pacientes com CPCNP, mas poucos dados reais foram publicados desde então.

Neste estudo, foram incluídos pacientes com idade ≥18 anos, residentes no Brasil e que realizaram a primeira consulta médica entre 2016 e 2018. Foram descritas as características sociodemográficas e clínicas dos pacientes e os intervalos temporais de interesse. A análise compreendeu um total de 10.394 pacientes, majoritariamente do sexo masculino (58,5%), com mediana de idade de 64 anos (IIQ = 58,0 -71,0).

Em relação às características da doença, a maioria dos tumores foi caracterizada como adenocarcinoma (52,3%) e diagnosticada em estádio IV (72,2%). A maioria dos pacientes chegou ao hospital com diagnóstico estabelecido de CPCNP, enquanto 45,7% foram diagnosticados na primeira consulta médica no hospital ou posteriormente. Para aqueles que receberam diagnóstico na primeira consulta médica ou posteriormente, os pesquisadores observaram intervalo mediano de 15 dias entre a primeira consulta e o diagnóstico. O primeiro tratamento foi administrado após uma mediana de 25 dias (IIQ = 6,0 -49,0) após o diagnóstico para pacientes sem diagnóstico prévio e 57 dias (IIQ: 33,0 -98,0) para pacientes com diagnóstico prévio.

Os autores descrevem que os tratamentos mais comuns foram quimioterapia isolada (33,8%), quimioterapia combinada com radioterapia (21,5%), radioterapia isolada (13,1%), tratamento adjuvante ou neoadjuvante (9,3%), cirurgia (3,3%) e imunoterapia (0,7%; isoladamente ou combinado). Ao final do acompanhamento (setembro de 2020), 52,3% dos pacientes haviam falecido. “Os dados mostram que, apesar de haver mais opções de tratamento no setor privado, há necessidade de melhorar o acesso às tecnologias”, concluem.

Referência: Front. Oncol. Sec. Thoracic Oncology. Volume 13 - 2023 | doi: 10.3389/fonc.2023.1257003