Onconews - Ômega 3 e vitamina D na prevenção do câncer, qual a evidência?

Vitamina D NET OKDois artigos publicados em janeiro na New England Journal of Medicine trazem resultados de estudo randomizado que avaliou o papel da suplementação de ômega-3 (1 grama/dia) e vitamina D (2000 UI/dia) na redução do risco de câncer e doenças cardiovasculares, em 25.871 participantes acima de 50 anos. A conclusão dos autores indica que a suplementação com ômega 3 e vitamina D não resultou em menor incidência de câncer ou eventos cardiovasculares.

De novembro de 2011 a março de 2014 este estudo randomizado controlado por placebo inscreveu homens de 50 anos ou mais e mulheres com idade ≥ 55 anos. Desfechos primários foram grandes eventos cardiovasculares (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral ou morte por causas cardiovasculares) e câncer invasivo de qualquer tipo. Os desfechos secundários incluíram componentes individuais, como a presença de revascularização coronariana ou o sítio tumoral, além da análise de segurança.

Resultados

Um total de 25.871 participantes, incluindo 5106 negros, foi submetido à randomização. Após um seguimento médio de 5,3 anos foram diagnosticados 820 casos de câncer invasivo entre os participantes no grupo ômega-3 e 797 casos de câncer invasivo no grupo placebo (razão de risco, 1,03; IC 95%, 0,93 a 1,13; P = 0,56). Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos randomizados em relação à incidência de câncer de mama, próstata ou colorretal (341 mortes por câncer; razão de risco, 0,97; IC95%, 0,79 a 1,20) ou morte por qualquer causa (978 mortes em geral; razão de risco, 1,02; IC 95%, 0,90 a 1,15). A ocorrência de um grande evento cardiovascular foi registrada em 386 participantes no grupo ômega 3 (n-3) e em 419 no grupo placebo (razão de risco, 0,92; intervalo de confiança [IC] 95%, 0,80 a 1,06; P = 0,24).

Os dados relativos à suplementação de vitamina D também não mostraram benefício em relação ao placebo na redução do risco de câncer ou de eventos cardiovasculares graves. Durante um acompanhamento médio de 5,3 anos, o câncer foi diagnosticado em 793 participantes do grupo da vitamina D e em 824 no grupo placebo; razão de risco, 0,96; intervalo de confiança [IC] 95%, 0,88 a 1,06; P = 0,47). Um evento cardiovascular importante ocorreu em 396 pessoas no grupo da vitamina D e em 409 no grupo placebo; razão de risco, 0,97; IC de 95%, 0,85 a 1,12; P = 0,69).

A incidência de sintomas gastrointestinais, episódios hemorrágicos importantes ou outros eventos não diferiram significativamente entre os grupos.

A conclusão dos autores indica que a suplementação com ácidos graxos ômega-3 e vitamina D não resultou em menor incidência de câncer ou eventos cardiovasculares na comparação com placebo. O estudo foi financiado pelo National Institutes of Health e tem a participação do VITAL Research Group; ClinicalTrials.gov:NCT01169259.)

Referências:

Manson, J. E., Cook, N. R., Lee, I.-M., Christen, W., Bassuk, S. S., Mora, S., ... Buring, J. E. (2018). Marine n−3 Fatty Acids and Prevention of Cardiovascular Disease and Cancer. New England Journal of Medicine.doi:10.1056/nejmoa1811403