A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou a nova edição das listas de Medicamentos Essenciais, com o objetivo de atualizar a incorporação de medicamentos importantes e facilitar o acesso a agentes inovadores com claros benefícios clínicos. Dois novos tratamentos contra o câncer foram adicionados: doxorrubicina lipossomal peguilhada, para o sarcoma de Kaposi, e pegfilgrastim para estimular a produção de glóbulos brancos e reduzir o efeito tóxico de alguns medicamentos contra o câncer na medula óssea.
Na oncologia pediátrica, a OMS ampliou as indicações de vários agentes já incluídos na lista de medicamentos essenciais, agora para contemplar linfoma anaplásico de grandes células, histiocitose de células de Langerhans e linfoma de Burkitt. “Esses tratamentos podem ter um impacto global muito grande na saúde pública, sem comprometer os orçamentos de saúde de países de baixa e média renda”, destaca o documento publicado pela OMS.
Alguns medicamentos contra o câncer patenteados e de alto preço foram avaliados e rejeitados pelo Comitê devido a preocupações sobre acessibilidade e viabilidade em cenários de poucos recursos. É o caso, por exemplo, dos inibidores de checkpoint imune ( anti PD-1 / PD-L1), de osimertinibe para câncer de pulmão e de inibidores de CDK4/6 para câncer de mama.
“Por mais de 40 anos, países de todo o mundo confiaram na Lista de Medicamentos Essenciais da OMS como um guia definitivo e baseado em evidências dos medicamentos mais importantes para proporcionar o maior impacto à saúde”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “O aumento dos preços e as interrupções na cadeia de suprimentos significam que todos os países agora enfrentam problemas crescentes para garantir acesso consistente e equitativo a muitos medicamentos essenciais com garantia de qualidade. A OMS está empenhada em apoiar todos os países a superar esses obstáculos para aumentar o acesso com equidade”.
Para a atualização de 2023, um total de 85 pedidos, abrangendo mais de cem medicamentos e formulações, foram considerados pelo Comitê de Especialistas da OMS em Seleção e Uso de Medicamentos Essenciais. As alterações recomendadas elevam o número total de medicamentos da lista de medicamentos essenciais para adultos e crianças em 502 e 361, respectivamente.
Detalhes completos das recomendações do Comitê de Especialistas, descrevendo as adições, alterações e remoção de medicamentos, assim como as decisões de não recomendar medicamentos, estão disponíveis na página da OMS. (https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/371291/WHO-MHP-HPS-EML-2023.01-eng.pdf)
“A Lista é uma ferramenta importante para alcançar a cobertura universal de saúde, fornecendo orientação aos governos, estabelecimentos de saúde e compradores sobre quais medicamentos têm o melhor valor em termos de benefícios para indivíduos e comunidades”, disse Benedikt Huttner, do Secretariado da OMS, destacando que esses agentes são incorporados com base em evidências sólidas de segurança e eficácia.