A Organização Mundial de Saúde (OMS) atualizou recomendações para a vacina contra o papilomavírus humano (HPV). Em documento divulgado no final de 2022, a OMS afirma que um esquema de dose única pode fornecer eficácia e durabilidade de proteção comparáveis ao regime de duas doses.
A recomendação vem no contexto de um declínio preocupante na cobertura da vacinação contra o HPV, em todo o mundo. Dados da OMS mostram que entre 2019 e 2021, a cobertura da primeira dose caiu de 25% para 15%. Significa que, em comparação com 2019, mais 3,5 milhões de meninas perderam a vacinação contra o HPV em 2021. “É vital que os países fortaleçam seus programas de vacinação contra o HPV e revertam os declínios na cobertura”, diz a recomendação.
O alvo primário da vacinação são as meninas de 9 a 14 anos, antes do início da atividade sexual. Para países que podem prover o custeio, a OMS também encoraja a vacinação de alvos secundários, como meninos e mulheres mais velhas (Veja quadro abaixo).
No Brasil, o Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde prevê a vacina contra HPV para meninas e meninos entre 9 e 14 anos na rotina do Calendário Nacional de Vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS). A decisão de ampliar a vacinação para o sexo masculino está de acordo com as recomendações das Sociedades Brasileiras de Pediatria, Imunologia, Obstetrícia e Ginecologia, além de atender ao preconizado pelo órgão consultivo de imunização dos Estados Unidos (Advisory Committee on Imunization Practices).
Evidências apontam que a adoção de diretrizes para o rastreamento do câncer cervical e a vacinação contra o HPV, inicialmente destinada à população feminina, já demonstram impacto na redução dos casos de câncer do colo do útero. No entanto, a incidência de outros tumores HPV dependentes continua em alta, a exemplo do câncer de orofaringe e de tumores de vulva, vagina, pênis, ânus e reto.
A vacina contra HPV disponível no SUS é a quadrivalente, que confere proteção contra quatro subtipos do vírus HPV (6, 11, 16 e 18).
A OMS agora recomenda:
Um esquema de uma ou duas doses para meninas de 9 a 14 anos
Um esquema de uma ou duas doses para meninas e mulheres de 15 a 20 anos
Duas doses com intervalo de 6 meses para mulheres com mais de 21 anos
O documento destaca a importância de vacinar como prioridade pessoas imunocomprometidas ou vivendo com HIV. Indivíduos imunocomprometidos devem receber no mínimo duas doses e, quando possível, três doses.
Referência: Human papillomavirus vaccines: WHO position paper, December 2022
