Onconews - Orientação clínica da ASCO para cenários de escassez de medicamentos antineoplásicos

quimio 23A Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) estabeleceu um Advisory Board para auxiliar no desenvolvimento de orientações clínicas sobre a priorização de agentes antineoplásicos em um cenário de fornecimento limitado de medicamentos antineoplásicos. “A atual escassez de medicamentos oncológicos está afetando cada vez mais o processo de tomada de decisão clínica, os resultados e a qualidade de vida dos pacientes”, afirmaram os autores em artigo no Journal of Clinical Oncology (JCO).

Até o momento, a U.S. Food and Drug Adminitration (FDA) listou 138 medicamentos em escassez, incluindo 14 medicamentos oncológicos. A cisplatina e a carboplatina, agentes de platina essenciais usados para tratar um amplo espectro de cânceres, estão incluídas entre os 14 medicamentos oncológicos em escassez crítica. “A extensão da atual escassez de cisplatina e carboplatina pode afetar o cuidado de até 500 mil pacientes com câncer nos Estados Unidos”, destaca a publicação.

Um total de 44 voluntários formaram o Grupo Consultivo que desenvolveu orientações gerais sobre a priorização de agentes antineoplásicos em oferta limitada. Orientações clínicas específicas para determinados tumores foram então produzidas por subgrupos com base nas especialidades e conhecimentos dos membros. A maioria das opções alternativas de tratamento foram desenvolvidas levando em conta a escassez de cisplatina e carboplatina.

Em casos nos quais está disponível um agente, intervenção ou sequência alternativa com eficácia e segurança comparáveis, a ASCO recomenda que o agente com fornecimento limitado não deve ser solicitado. A Sociedade também orienta a aumentar o intervalo entre os ciclos e/ou reduzir a dose total do tratamento quando clinicamente aceitável; minimizar ou omitir o agente de fornecimento limitado para cânceres recorrentes resistentes a esses agentes; e minimize o desperdício otimizando o tamanho do frasco, arredondando a dose e usando frascos multiuso.

“As instituições devem estabelecer um comitê multidisciplinar para monitorizar a escassez de medicamentos, fornecer e comunicar políticas internas sobre a utilização e promover o uso equitativo de medicamentos em falta”, sugerem os autores. “Também é indicado selecionar um regime alternativo baseado em evidências se não houver suprimentos adequados disponíveis e considerar uma consulta de segunda opinião para discutir opções específicas para cada tumor”, acrescentam.

O documento também recomenda que os pacientes afetados por dificuldades relacionadas com a escassez de medicamentos sejam encaminhados para aconselhamento, se disponível, e que os médicos tenham serviços de apoio disponíveis para situações de distress relacionadas com a escassez. “A escassez de medicamentos afeta os médicos, os membros das equipes de cuidados oncológicos e os comitês de alocação multidisciplinares, e a incapacidade das equipes de cuidados de fornecer o tratamento ideal pode causar sofrimento psicológico ou moral que requer apoio”, destaca a publicação.

Em síntese, a priorização de agentes antineoplásicos em oferta limitada deve se basear em objetivos específicos da terapia onde a medicina baseada em evidências demonstrou resultados de sobrevivência e benefícios de prolongamento da vida, tanto em fases iniciais como avançadas. “Embora as opções de manejo variem de acordo com a localização do tumor, são apresentadas alternativas. Para tumores que não tenham alternativas com eficácia e segurança comparáveis, recomenda-se que os pacientes sejam encaminhados para locais onde o medicamento necessário esteja disponível ou possa ser obtido”, concluem.

Informações adicionais estão disponíveis em asco.org/drug-shortages.

Referência: Drug Shortages in Oncology: ASCO Clinical Guidance for Alternative Treatments - DOI: 10.1200/OP.23.00545 JCO Oncology Practice. Published online November 14, 2023.