Progressos importantes com o desenvolvimento de terapias inovadoras têm marcado o cenário do câncer de mama avançado e 2023 não foi exceção. Artigo de revisão publicado na Breast enfoca os principais avanços apresentados em 2023 e terapias que impactaram a prática clínica, a exemplo dos inibidores da quinase 4/6 dependentes de ciclina (CDK4/6i) na doença metastática HR-positivo e de conjugados anticorpo-droga (ADCs) que têm remodelado o paradigma de tratamento.
A terapia endócrina (TE) continua sendo a base do tratamento de pacientes com câncer de mama metastático com tumores que expressam receptor hormonal (HR-positivo), mas os inibidores da quinase 4/6 dependentes de ciclina (CDK4/6i) em combinação com TE tornaram-se parte do padrão de tratamento nesse cenário, destaca a revisão de Ilana Schlam e Mariana Chavez-MacGregor.
O inibidor de AKT capivasertibe, aprovado em 2023, é outra inovação importante no câncer de mama avançado HR positivo. Capivasertibe foi avaliado no estudo de fase 3 CAPItello-291, em pacientes que progrediram da doença durante ou após o tratamento com um inibidor da aromatase, com ou sem terapia prévia com CDK4/6i. Os resultados mostraram benefício superior entre pacientes com tumores alterados na via AKT (PIK3CA, AKT1 ou PTEN), com sobrevida livre de progressão mediana de 7,3 vs. 3,1 meses (HR 0,5, IC 95% 0,38–0,65).
Os conjugados anticorpo-droga (ADCs) também são destaque na publicação, que resume os principais estudos que levaram à aprovação destes agentes. Trastuzumabe Deruxtecana (T-DXd) foi aprovado em 2022 para pacientes com câncer de mama metastático com baixa expressão do receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2) que receberam pelo menos uma linha anterior de quimioterapia no cenário metastático. A revisão também descreve o estudo TROPION-Breast01, mostrando resultados encorajadores para pacientes com câncer de mama avançado HR positivo. No ensaio (n = 732), os pacientes foram randomizados para receber Datopotamab Deruxtecan (Dato-DXd), um anticorpo anti-TROP2 humanizado com carga útil de inibidor de Topo-1, ou quimioterapia de escolha do investigador. “A sobrevida livre de progressão mediana foi de 6,9 meses no braço Dato-DXd vs 4,5 meses (HR = 0,63; IC 95% 0,52–0,76; p<0,0001)”, descrevem as autoras, sinalizando que é provável que Dato-DXd se torne uma opção no futuro.
Outro avanço importante refere-se ao tratamento de pacientes com câncer de mama triplo negativo (TNBC, da sigla em inglês). “Em 2023, os resultados do ensaio BEGONIA (braço 7) foram apresentados na reunião anual da ESMO. Este estudo de fase 1b/2 avaliou o papel de Dato-DXd e durvalumabe como tratamento de primeira linha para pacientes com TNBC metastático. Um total de 62 pacientes foram incluídos e a taxa de resposta objetiva foi de 79% (IC95% 66,8–88,3), independentemente da expressão de PD-L1. A SLP mediana foi de 13,8 meses e a duração mediana da resposta foi de 15,5 meses”, descreve a revisão. Essa combinação está atualmente sendo estudada em ensaios de fase 3 e em uma população de pacientes positivos para PD-L1.
A íntegra do artigo está disponível no periódico The Breast, em acesso aberto.
Referência: Published:February 14, 2024 DOI:https://doi.org/10.1016/j.breast.2024.103677