Onconews - Osimertinibe é o primeiro inibidor de EGFR a mostrar benefício de SLP no CPCNP estágio III irressecável

Pulm o Horiz NET OKResultados positivos do estudo LAURA, um ensaio randomizado de fase 3, mostram que osimertinibe (Tagrisso®, da AstraZeneca) é o primeiro inibidor de EGFR a promover benefício clínico e estatisticamente significativo na sobrevida livre de progressão (SLP) de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) com doença estágio III irressecável e mutação do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFRm) após quimiorradioterapia (CRT), em comparação com placebo após CRT. Os dados foram anunciados 19 de fevereiro pela fabricante AstraZeneca e serão detalhados em uma próxima conferência médica.

 “Esses resultados representam um grande avanço para pacientes com câncer de pulmão com mutação EGFR em estágio III, que têm alta propensão para progressão precoce e disseminação para o cérebro e onde nenhuma terapia-alvo está disponível. LAURA mostra que osimertinibe pode proporcionar benefícios clínicos impactantes e se tornar a primeira opção de tratamento para pacientes com doença em estágio III”, disse Suresh Ramalingam, principal investigador do ensaio LAURA e Diretor Executivo do Winship Cancer Institute da Emory University, em Atlanta, EUA.

Os dados de sobrevida global (SG) também mostraram tendência favorável para osimertinibe, embora não estivessem maduros no momento desta análise. O ensaio LAURA continuará a avaliar a SG como endpoint secundário.

Para Susan Galbraith, Vice-Presidente Executiva de Pesquisa e Desenvolvimento em Oncologia da AstraZeneca, esses resultados do estudo LAURA neste cenário do câncer de pulmão potencialmente curativo consolidam ainda mais osimertinibe como a terapia de base para o câncer de pulmão com mutação de EGFR.” Esses dados, juntamente com os dados do ADAURA, reforçam a necessidade de diagnosticar e tratar pacientes com câncer de pulmão o mais cedo possível”, destacou.

A segurança e tolerabilidade de osimertinibe no ensaio LAURA foram consistentes com o perfil já estabelecido, sem novas preocupações de segurança com o tratamento de manutenção com osimertinibe após CRT.

LAURA é um estudo multicêntrico global de Fase III, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, que envolveu pacientes com CPCNP EGFRm estágio III irressecável, cuja doença não progrediu após CRT definitiva baseada em platina. Os pacientes foram tratados com comprimidos orais de osimertinibe 80 mg uma vez ao dia, até que a progressão da doença, toxicidade inaceitável ou outros critérios de descontinuação fossem atendidos. Após a progressão, os pacientes no braço placebo foram autorizados a receber tratamento com osimertinibe.

O ensaio envolveu 216 pacientes em mais de 145 centros, em mais de 15 países, incluindo EUA, Europa, América do Sul e Ásia. Os dados serão apresentados em uma próxima reunião médica e partilhados com as autoridades reguladoras globais. Osimertinibe (Tagrisso®) mais quimioterapia foi recentemente aprovado nos EUA com base no ensaio FLAURA2 Fase III.

A cada ano, cerca de 2,4 milhões de pessoas são diagnosticadas com câncer de pulmão em todo o mundo, com 80-85% dos pacientes diagnosticados com CPCNP, a forma mais comum da doença. Aproximadamente 10-15% dos pacientes com CPCNP nos EUA e na Europa, e 30-40% dos pacientes na Ásia apresentam mutações no EGFR. Mais de um em cada seis pacientes com CPCNP são diagnosticados com doença irressecável em estágio III (15%).

No Brasil, estudo que analisou retrospectivamente mutações no EGFR em uma grande coorte de pacientes brasileiros com CPCNP em um cenário do mundo real mostrou que, de 7.413 amostras testadas, a taxa média de detecção positiva de mutações no EGFR foi de 24,2%. O trabalho tem como primeira autora a oncologista Tatiane Montella, do Instituto Oncoclínicas (RJ), e é a maior análise do status mutacional do EGFR em pacientes brasileiros com CPCNP.

O câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer entre homens e mulheres, responsável por cerca de um quinto de todas as mortes por câncer.