Estudo publicado por Nassat et al. no Journal of Thoracic Oncology sugere que osimertinibe como terapia de consolidação está associado a melhores resultados entre os pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) irressecável em estágio III com mutação do EGFR em relação a durvalumabe ou a observação.
Nesta análise retrospectiva internacional, que envolveu 24 instituições participantes, os pesquisadores avaliaram pacientes com CPCNP estágio III com mutação de EGFR (EGFRmut) tratados com quimiorradioterapia concomitante seguida de terapia de consolidação com osimertinibe, durvalumabe ou observação, entre 2015 e 2022. O método Kaplan-Meier foi usado para estimar o endpoint primário de sobrevida livre de progressão no mundo real (rwPFS, da sigla em inglês) e sobrevida global (SG, endpoint secundário). Os eventos adversos relacionados ao tratamento (trAE) durante terapia de consolidação foram definidos usando Common Terminology Criteria for Adverse Events (CTCAE) v5.0. Foi utilizada análise de regressão multivariada de Cox.
Dos 136 pacientes com CPCNP EGFRmut em estágio III tratados com quimiorradioterapia concomitante definitiva, 56 receberam durvalumabe de consolidação, 33 receberam osimertinibe de consolidação e 47 receberam apenas observação. As características basais foram semelhantes nas três coortes.
Em um acompanhamento médio de 46 meses para toda a coorte, os autores descrevem que a duração mediana do tratamento não foi alcançada (NR) para osimertinibe (intervalo interquartil [IQR]: NR-NR) e foi de 5,5 (IQR:2,4-10,8) meses com durvalumabe. Após ajuste para status nodal, estágio III A/B/C e idade, os pacientes tratados com osimertinibe de consolidação tiveram rwPFS significativamente mais longa em 24 meses em comparação com aqueles nas coortes de durvalumabe ou de observação (osimertinibe: 86%, durvalumabe: 30%, observação: 27%, p<0,001 para ambas as comparações). Não houve diferença no rwPFS entre durvalumabe e a coorte de observação.
Os resultados não mostraram diferença significativa na SG entre as 3 coortes analisadas, o que, segundo os pesquisadores, deve-se possivelmente ao seguimento limitado. Eventos adversos de qualquer grau ocorreram em 52% (2 [6,1%] grau ≥3) e 48% (10 [18%] grau ≥3) dos pacientes tratados com osimertinibe e durvalumabe, respectivamente. Dos 45 pacientes que progrediram com durvalumabe na consolidação, 37 (82%) receberam posteriormente inibidores da tirosina quinase (TKIs) do EGFR. Destes, 14 (38%) pacientes desenvolveram eventos adversos relacionados ao tratamento, incluindo 5 pacientes com pneumonite (14%; 2 [5,4%] grau ≥3) e 5 com diarreia (14%; 1 [2,7%] grau ≥3).
“Este estudo sugere que entre os pacientes com CPCNP irressecável em estágio III com mutação de EGFR, a consolidação com osimertinibe foi associada a rwPFS significativamente mais longa do que a consolidação com durvalumabe ou a observação”, concluem os autores. Não foram observados novos sinais de segurança com osimertinibe.
Referência: Published:January 24, 202. DOI:https://doi.org/10.1016/j.jtho.2024.01.012