Estudo de eficácia comparativa sugere que aproximadamente metade dos pacientes com câncer hematológico ou tumores sólidos, cerca de 70% dos pacientes com transplantes de órgãos sólidos ou doenças autoimunes e 40% dos controles saudáveis perdem anticorpos neutralizantes (nAbs) induzidos por vacinas de RNA mensageiro (mRNA) contra as variantes preocupantes do SARS-CoV-2, após 6 meses da vacinação. Os resultados estão em artigo de Obeid et al. no JAMA Oncology.
Neste estudo prospectivo, realizado no Hospital Universitário de Lausanne, os pesquisadores compararam os níveis de anticorpos anti-pico de IgG e nAbs medidos em 1 semana, 1 mês, 3 meses e 6 meses após a vacinação com imunizantes de mRNA (BNT162b2, da Pfizer-BioNTech ou mRNA-1273, da Moderna). Todos os participantes receberam 2 doses das vacinas mRNA- com 4 a 6 semanas de intervalo.
O principal endpoint primário do estudo foi a persistência de anticorpos neutralizantes contra o SARS-CoV-2 original (2019-nCoV) e variantes que despertam preocupação (VOCs) 6 meses após a vacinação.
Resultados
Entre os 841 inscritos no estudo entre 14 de janeiro e 8 de agosto de 2021, a população de pacientes representou 637 participantes (mediana de 61,8 anos, 60,6% do sexo feminino), enquanto o grupo controle compreendeu 204 participantes (mediana de 45,9 anos, 70,6% do sexo feminino). Havia 399 pacientes com tumores sólidos, 101 com cânceres hematológicos, 38 com transplantes de órgãos sólidos, 99 com doenças autoimunes e 204 controles saudáveis.
As proporções de nAbs diminuíram em todos os grupos de estudo aos 6 meses após a vacinação, com as maiores diminuições para as variantes Beta e Delta. Para Beta, a proporção diminuiu para uma mediana (SE) de 39,2% (5,5%) naqueles com cânceres hematológicos, 44,8% (2,7%) naqueles com tumores sólidos, 23,1% (8,3%) naqueles transplantados e 22,7% (4,8%) em indivíduos com doenças autoimunes, em comparação com 52,1% (4,2%) em controles saudáveis. Para a variante Delta, a redução de anticorpos neutralizantes foi de 41,8% (5,6%) em participantes com câncer hematológico, 51,9% (2,7%) naqueles com tumores sólidos, 26,9% (8,7%) em participantes com transplantes de órgãos sólidos e 30,7% (5,3%) naqueles com doenças autoimunes em comparação com 56,9% (4,1%) controles saudáveis. A diminuição de anticorpos neutralizantes foi de 3,5 a 5 vezes entre o mês 1 e o mês 6, e a duração estimada da resposta foi maior e mais sustentada entre os participantes vacinados com mRNA-1273. Em participantes com tumores sólidos, a duração estimada de nAbs contra a variante Beta foi de 221 dias com mRNA-1273 e de 146 dias com BNT162b2; contra a variante Delta, foi de 226 dias com mRNA-1273 e de 161 com BNT162b2. A duração estimada de nAbs em participantes com câncer hematológico foi de 113 e de 127 dias contra as variantes Beta e Delta, respectivamente.
“Esses achados podem ser úteis para desenvolver melhores esquemas de vacinação de reforço, especialmente em pacientes imunocomprometidos”, concluem os autores.
A íntegra do artigo original está disponível, em acesso aberto.
Referência: Obeid M, Suffiotti M, Pellaton C, et al. Humoral Responses Against Variants of Concern by COVID-19 mRNA Vaccines in Immunocompromised Patients. JAMA Oncol. Published online March 10, 2022. doi:10.1001/jamaoncol.2022.0446