Onconews - Padrões de tratamento e resultados da terapia sistêmica paliativa em pacientes com carcinoma do ducto salivar e adenocarcinoma

souza ferrarottoEstudo publicado na Cancer, periódico da American Cancer Society, buscou avaliar os dados de eficácia da terapia sistêmica em pacientes com carcinoma do ducto salivar (SDC) e adenocarcinoma (não especificado/adeno-NOS) tratados no MD Anderson Cancer Center entre 1990 e 2020. A oncologista Luana Sousa (na foto, à direita), clinical fellow na instituição, é primeira autora do trabalho; Renata Ferrarotto, professora associada e diretora de Pesquisa Clínica em Cabeça e Pescoço do MD Anderson, é a autora sênior.

O carcinoma do ducto salivar (SDC) e adenocarcinoma (não especificado/adeno-NOS) são tumores de glândula salivar raros e agressivos, com dados limitados sobre a eficácia da terapia sistêmica e ausência de consenso sobre tratamento.

No estudo, os pesquisadores coletaram retrospectivamente dados de pacientes atendidos no MD Anderson Cancer Center da Universidade do Texas entre 1990 e 2020. A taxa de resposta objetiva (ORR) foi avaliada por RECIST v1.1. A sobrevida livre de recorrência (RFS), sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) foram avaliadas pelo método de Kaplan-Meier. O modelo de regressão de Cox foi realizado para identificar preditores de sobrevida. 

Resultados

A análise incluiu 200 pacientes (110 com carcinoma do ducto salivar e 90 com adeno-NOS); destes, 77% tinham tumores positivos para o receptor de andrógeno e 47% apresentavam tumores HER2-positivos (2+ -3+ em IHQ). A maioria dos pacientes sem metástases ao diagnóstico foi submetida a cirurgia (98%) e radioterapia pós-operatória (87%). A taxa de recorrência após tratamento com intenção curativa foi de 55% e a RFS mediana foi de 2 anos. Envolvimento nodal e margens cirúrgicas positivas foram associados à recorrência (P <0,005). Entre os pacientes com doença em estágio IVA-B, a adição de terapia sistêmica à terapia local aumentou a sobrevida global (P = 0,049).

Disseminação sistêmica foi detectada em 61% dos pacientes no momento do diagnóstico ou durante seguimento clínico após o tratamento inicial. O regime de terapia sistêmica paliativa mais utilizado foi o doublet de platina ± trastuzumabe. Para a terapia de primeira linha, a ORR e a mediana de SLP foram 33% e 5,76 meses, respectivamente, e para a terapia de segunda linha a ORR e mediana de SLP foram 25% e 5,3 meses, respectivamente.

“A taxa de resposta objetiva e a sobrevida livre de progressão foram maiores com agentes direcionados a HER2 (47% e 9.6 meses, respectivemente). A mediana de SG foi de 5 anos para toda a população e 2 anos para doença metastática. Idade avançada e estágio superior foram associados a pior SG”, observaram os autores. 

Notavelmente, os resultados sugerem que adicionar terapia sistêmica à terapia local pode aumentar a taxa de cura de pacientes com carcinoma do ducto salivar (SDC) ou adeno-NOS locoregional avançado (estagios IVA-B). “Exceto para terapia direcionada a HER2, a resposta à terapia sistêmica paliativa é limitada. Esses achados podem ser usados ​​como referência para o desenvolvimento futuro de medicamentos”, concluíram os autores.

Referência: Sousa, LG, Wang, K, Torman, D, Binks, BJ, Rubin, ML, Andersen, CR, Lewis, WE, Rivera, MJ, Kaya, D, El-Naggar, AK, Hanna, EY, Esmaeli, B, Frank, SJ, Bell, D, Glisson, BS, Rodon, J, Meric-Bernstam, F, Lee, JJ, Ferrarotto, R. Treatment patterns and outcomes of palliative systemic therapy in patients with salivary duct carcinoma and adenocarcinoma, not otherwise specified. Cancer. 2021. https://doi.org/10.1002/cncr.33968