Pacientes com câncer de pâncreas cujos tumores apresentaram alterações moleculares acionáveis e que foram tratados com terapias dirigidas tiveram mediana de sobrevida global mais longa do que aqueles que não receberam tratamento para as alterações moleculares encontradas. Os dados são do registro Know Your Tumor (KYT), que incluiu pacientes com câncer de pâncreas nos EUA com o objetivo de oferecer perfis multi-ômicos disponíveis comercialmente e fornecer opções personalizadas de tratamento.
Em artigo no Lancet Oncology, o Pancreatic Cancer Action Network’s (PanCAN) apresenta os resultados do KYT e mostra que cerca de 25% dos casos de câncer de pâncreas abrigam alterações moleculares potencialmente acionáveis.
Nesta análise retrospectiva, foram incluídos pacientes inscritos no programa KYT com câncer de pâncreas confirmado por biópsia e que receberam resultados de testes moleculares, considerando a história do tratamento e os resultados de sobrevida.
“Como o momento da inscrição no KYT variou para cada paciente, o endpoint primário de sobrevida global mediana foi calculado a partir do diagnóstico inicial de doença avançada até a morte. Nós comparamos a sobrevida global em pacientes com mutações acionáveis que foram tratados com uma terapia dirigida versus aqueles que não receberam terapia personalizada”, descrevem os autores.
Resultados
Dos 1856 pacientes com câncer de pâncreas que foram encaminhados ao programa KYT entre 16 de junho de 2014 e 31 de março de 2019, 1082 (58%) pacientes receberam relatórios com base em seus resultados de testes moleculares. Alterações moleculares acionáveis foram identificadas em 282 (26%) de 1082 amostras. Entre 677 pacientes com resultados disponíveis, 189 tiveram alterações moleculares acionáveis.
Com acompanhamento médio de 383 dias (IQR 214-588), os pacientes com alterações moleculares acionáveis que receberam terapias dirigidas (n = 46) tiveram sobrevida global mediana significativamente mais longa do que aqueles que não receberam tratamento dirigido (n = 143; 2 · 58 anos [IC95% 2 · 39 não atingido] vs 1 · 51 anos [1 · 33–1 · 87]; taxa de risco 0 · 42 [IC95% 0 · 26–0 · 68], p = 0 0004).
Os 46 pacientes que receberam terapia personalizada também tiveram sobrevida global significativamente mais longa (2,48 anos [IC95% 2,99 não atingido] vs 1,32 anos [1 · 25–1 · 47]; HR 0 · 34 [IC 95% 0 · 22–0 · 53], p <0 · 0001). No entanto, a sobrevida global mediana não diferiu entre os pacientes que não receberam tratamento personalizado e aqueles sem alteração molecular acionável (HR 0,82 [IC95% 0,04-1,04], p = 0,10).
“Esses resultados no mundo real sugerem que a adoção de medicamentos de precisão pode ter efeito substancial na sobrevida de pacientes com câncer de pâncreas”, concluem os autores.
Referência: Michael J Pishvaian et al. Overall survival in patients with pancreatic cancer receiving matched therapies following molecular profiling: a retrospective analysis of the Know Your Tumor registry trial. Published Online March 2, 2020. DOI:https://doi.org/10.1016/S1470-2045(20)30074-7