A longo prazo, o investimento em tecnologia de alta precisão para a gestão do câncer do colo do útero resultou em custos mais baixos para os decisores políticos de saúde da Índia, como demonstra o estudo PARCER, que deixa lições importantes para países de baixo e médio rendimento. Os resultados estão em artigo de Hande et al. no JCO Global Oncology.
O câncer cervical é o segundo câncer mais comum entre as mulheres indianas, com taxas de incidência e mortalidade de 18 e 11 por 100.000 habitantes, respectivamente, representando mais de 25% da carga global do câncer do colo do útero.
Neste estudo (PARCER) os pesquisadores compararam a radioterapia de intensidade modulada guiada por imagem (IG-IMRT) versus a radiação conformada tridimensional (3D-CRT) no tratamento de pacientes com câncer cervical. A análise considerou as implicações de longo prazo para subsidiar diretrizes para o câncer cervical estratificadas por recursos.
Os pesquisadores avaliaram diferenças nos custos de tratamento, incidência de eventos adversos e custos de gerenciamento de toxicidade comparando IG-IMRT e 3D-CRT. O impacto financeiro global para o sistema de saúde indiano foi calculado, com base em dados longitudinais.
Dos 300 pacientes do estudo PARCER, 93 enfrentaram eventos adversos de graus ≥2 (3D-CRT = 59, IG-IMRT = 34). Os pacientes nos braços 3D-CRT e IG-IMRT passaram em média 2,39 anos e 1,96 anos afetados por toxicidades, respectivamente. O gerenciamento médio da toxicidade e o impacto financeiro anual por paciente foram, respectivamente, 1,50 e 1,44 vezes maiores para pacientes com 3D-CRT em comparação com pacientes com IG-IMRT. A extrapolação para o nível nacional mostrou que o tratamento com 3D-CRT levou a uma relação de custo 2,88 vezes maior quando comparado ao tratamento com IG-IMRT.
“Embora os custos iniciais do IG-IMRT sejam elevados, com base em dados longitudinais é financeiramente ineficiente tratar com 3D-CRT. As diretrizes estratificadas em termos de recursos devem incluir custos longitudinais de intervenção em saúde, em vez de apenas custos iniciais para decisões políticas para implementar tecnologia avançada de radiação”, concluem os autores.
O câncer do colo do útero afeta desproporcionalmente as mulheres com nível socioeconômico mais baixo nos seus anos reprodutivos. A morbidade e mortalidade resultantes levam à perda de função e, portanto, a perdas na renda, com efeitos de longo prazo sobre o indivíduo, a sociedade e a economia nacional.
Em países de baixo e médio rendimento, previsões indicam que a mortalidade por câncer do colo do útero deve aumentar 27% até 2030, o que dimensiona a necessidade urgente de fornecer tratamento de alta qualidade que maximize os resultados oncológicos e minimize a morbidade pela doença.
Referência:
Varsha Hande et al., Longitudinal Costs of Image-Guided Intensity-Modulated Radiation Therapy Versus Three-Dimensional Conformal Radiation: Lessons From Phase III PARCER Trial for Shaping Resource-Stratified Guidelines in Low- and Middle-Income Countries. JCO Glob Oncol 10, e2300478(2024).
DOI:10.1200/GO.23.00478