A triagem personalizada baseada em risco (TPBR) pode aumentar a eficiência dos programas de triagem de câncer. Estudo que buscou resumir a aceitação e as percepções da TPBR entre os profissionais de saúde e o público em geral traz recomendações para dar suporte à implementação da TPBR na prática clínica de rotina e aumentar o valor da detecção precoce para câncer de mama, cervical, colorretal, de pulmão e próstata.
Nesta revisão, foram pesquisadas as bases MEDLINE, Embase, Cochrane Central, PsycINFO e CINAHL Plus para artigos publicados entre 1º de janeiro de 2010 e 30 de abril de 2024. Foram elegíveis trabalhos descrevendo a receptividade e as percepções de profissionais de saúde e do público em geral sobre triagem personalizada baseada em risco para os 5 tipos de câncer considerados.
Os resultados estão em artigo de Tan et al. na Lancet Public Health e mostram que 4491 registros exclusivos foram identificados e 63 estudos foram incluídos na análise. Desse universo, 36 (57%) incluíram o público em geral, 21 (33%) incluíram profissionais de saúde e seis (11%) incluíram ambos. A maioria dos estudos se concentrou no rastreamento do câncer de mama (43 [68%] estudos) e eram da América do Norte (28 [44%]) e Europa (28 [44%]).
O público em geral e os profissionais de saúde consideraram aceitável a triagem personalizada baseada em risco, mas indicaram a necessidade de mais informações sobre como o risco era calculado e a precisão das pontuações de risco. Além disso, ambos os grupos foram cautelosos sobre a redução das frequências de triagem para indivíduos de baixo risco e citaram barreiras como o tempo e os recursos necessários para implementar um programa eficaz de TPBR. A estimativa combinada para aceitabilidade de TPBR foi de 78% (IC de 95% 66–88) entre o público em geral e de 86% (64–99) entre profissionais de saúde.
O público em geral e os profissionais de saúde entendem as avaliações de risco personalizadas como estratégias capazes de fornecer informações valiosas e a TPBR como um próximo passo para aumentar a qualidade do atendimento ao paciente e melhorar a mortalidade por câncer. No entanto, os autores destacam a necessidade de enfrentar as barreiras para a implementação tanto em relação aos profissionais de saúde e ao público em geral quanto em relação ao próprio sistema de saúde.
“Os programas de triagem de base populacional não levam em conta as diferentes taxas de risco-benefício entre os indivíduos e podem levar à subtriagem de indivíduos de alto risco, supertriagem de indivíduos de baixo risco, sobrediagnóstico ou supertratamento”, analisam. O risco ao longo da vida de receber um resultado falso-positivo para pelo menos um dos cinco tipos de câncer considerados neste estudo é estimado em quase 40% para homens e 85% para mulheres.
Referência:
Acceptability and perceptions of personalised risk-based cancer screening among health-care professionals and the general public: a systematic review and meta-analysis. Tan, Naomi Q P et al. The Lancet Public Health, Volume 10, Issue 2, e85 - e96