Onconews - Pesquisa brasileira aponta biomarcadores de resposta a imatinibe na LMC

Ana Paula Kubaski Benevides (foto), pesquisadora do Instituto Carlos Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Curitiba,  é primeira autora de estudo publicado na Frontiers in Oncology, com achados que mostram a expressão HOTAIR e PTGS2 como potenciais biomarcadores na leucemia mieloide crônica (LMC) em pacientes tratados com imatinibe. “Nossos resultados sugerem uma relação entre a resposta ao imatinibe e a regulação negativa de PTGS2 e HOTAIR, pois os pacientes com LMC com maior expressão dessas transcrições responderam com sucesso ao imatinibe”, descreve a análise.

A leucemia mieloide crônica (LMC) é uma neoplasia mieloproliferativa clonal na qual todos os pacientes apresentam a translocação (9;22) que gera a tirosina quinase BCR::ABL1. Pacientes com LMC são tratados com inibidores de tirosina quinase (TKIs), especialmente com o TKI de primeira geração imatinibe. No entanto, cerca de um terço dos pacientes com LMC tratados com imatinibe mudam para TKIs de segunda ou terceira geração em razão da resistência ou toxicidade.

Apesar de um bom biomarcador (nível de transcritos BCR::ABL1) para diagnóstico e prognóstico da LMC, muitos estudos têm sido realizados para investigar outras moléculas, como os RNAs longos não codificantes (lncRNAs) e mRNAs, como potenciais biomarcadores. Neste estudo, um sequenciamento de RNA (RNAseq) foi realizado comparando 6 pacientes com LMC com alta expressão de BCR::ABL1 com 6 indivíduos controle saudáveis, compondo a coorte de investigação. Para validar os resultados obtidos pelo RNAseq, amostras de 87 pacientes brasileiros com LMC e 42 controles saudáveis ​​foram usadas na coorte de validação por ensaios de RT-qPCR.

Os resultados relatados por Benevides e colegas mostram menor expressão de HOTAIR e PTGS2 em pacientes com LMC. A expressão HOTAIR foi inversamente associada à expressão BCR::ABL1 em ​​pacientes com LMC tratados com imatinibe e ao PTGS2, mostrando que pacientes com LMC com alta expressão BCR::ABL1 apresentaram expressão PTGS2 reduzida.

“Descrevemos o perfil transcriptômico de pacientes brasileiros com LMC BCR::ABL1 e demonstramos expressão diferencial de mRNA e lncRNA em comparação com indivíduos controles saudáveis. As transcrições selecionadas foram validadas por RT-qPCR em uma coorte separada, confirmando a regulação negativa de HOTAIR e PTGS2 em pacientes brasileiros com LMC e alta expressão BCR::ABL1”, analisam os autores.

Além de Ana Paula Kubaski Benevides, o estudo tem participação de Anelis Maria Marin, Denise K. Wosniaki, Rafaela Noga Oliveira, Gabriela Marino Koerich, Bianca Nichele Kusma, Dalila Lucíola Zanette e Mateus Nóbrega Aoki, todos pesquisadores do Instituto Carlos Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Curitiba,  e Eduardo Cilião Munhoz, do Hospital Erasto Gaertner.

Referência:

Front. Oncol., 09 October 2024
Sec. Molecular and Cellular Oncology
Volume 14 - 2024 | https://doi.org/10.3389/fonc.2024.1443346