A pesquisadora Thais P. Banzato, da Unicamp, é primeira autora de estudo publicado no Journal of Natural Products (JNP), demonstrando que polifenois do própolis vermelho brasileiro foram capazes de reverter a resistência em células humanas de câncer de ovário agressivo e reduzir a proliferação celular, com ação citotóxica ainda mais potente que a doxorrubicina. A atividade antiproliferativa também foi observada em linhas de câncer de mama, glioma e próstata.
Atividades biológicas do própolis vermelho brasileiro e seus constituintes foram extensivamente investigadas por suas propriedades antitumorais, antiinflamatórias e imunomoduladoras. O própolis vermelho brasileiro tem constituintes químicos únicos, o que explica o interesse do ambiente de pesquisa.
O Brasil é um dos maiores produtores de própolis vermelho, encontrado em colmeias ao longo da costa e entre manguezais no Nordeste. O estudo brasileiro, que tem como pesquisador sênior Roberto Berlinck, do Instituto de Química de São Carlos (USP), foi capaz de isolar polifenóis do própolis até então desconhecidos, que representam uma nova classe de compostos antiproliferativos do câncer.
“Relatamos aqui o fracionamento de própolis vermelho brasileiro guiado por bioensaio e o isolamento de oito novos dímeros derivados de flavonoides, propolonas A − D, propolononas A − C e propolol A, apresentando três esqueletos de carbono distintos”, descrevem os autores. As atividades antiproliferativas de dois outros compostos também foram avaliadas em um painel de células tumorais humanas. “Propolona B (2) e propolonona A (5) exibiram atividades antiproliferativas contra células de glioma (U251), células de câncer de mama (MCF7) e de câncer de ovário com fenótipo de resistência a múltiplos medicamentos “, esclarece a publicação no JNP.
Os resultados cumpriram os padrões do National Cancer Institute dos Estados Unidos para definir a inibição do crescimento tumoral, promovendo 50% de morte celular após 48 horas de tratamento, demonstrando o perfil antiproliferativo de oito novos dímeros de flavonoides do própolis vermelho brasileiro e sua capacidade de inibir o crescimento tumoral e induzir a morte celular.
Agora, novos estudos são aguardados, inclusive in vivo, para ampliar a compreensão sobre a atividade antitumoral desses compostos e seu mecanismo de ação.
Referência: Banzato, T. P., Gubiani, J. R., Bernardi, D. I., Nogueira, C. R., Monteiro, A. F., Juliano, F. F., … Berlinck, R. G. S. (2020). Antiproliferative Flavanoid Dimers Isolated from Brazilian Red Propolis. Journal of Natural Products. doi:10.1021/acs.jnatprod.9b01136