Oncologistas de várias instituições se organizam em torno da criação de um novo grupo de pesquisa, o Grupo Brasileiro de Oncologia Personalizada e Imunoterapia (GBOPI), para a condução de um estudo clínico 100% nacional. Quem está à frente da iniciativa é o oncologista André Márcio Murad, que falou ao Onconews sobre os objetivos e perspectivas do GBOPI.
“É um projeto que será desenvolvido dentro da estrutura do LACOG com o propósito de constituir um ensaio clínico multicêntrico de Fase II para avaliar o uso de drogas alvo-moleculares no tratamento de tumores sólidos refratários à terapia sistêmica convencional”, esclarece Murad, professor e pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Trata-se de um estudo prospectivo não controlado que vai incluir pacientes adultos que deixaram de responder ao tratamento sistêmico disponível. Os pacientes serão selecionados por perfil genômico do tumor primário ou da metástase, a partir do sequenciamento de nova geração (SNG)”, explica o oncologista.
Como parte do protocolo de pesquisa, os pacientes elegíveis devem apresentar uma variante tumoral potencialmente responsiva aos fármacos disponibilizados pelo ensaio clínico e podem ter recebido diferentes linhas de tratamento sistêmico anterior. “A inclusão dos pacientes no estudo será decidida por uma comissão revisora de oncologistas investigadores (CROI- "Tumor Board"), a ser nomeada pelo GBOPI”, acrescenta Murad.
Para a comunidade de oncologia, a proposta do GBOPI representa a oportunidade de ampliar o conhecimento disponível sobre o perfil genômico do câncer no Brasil. A ideia é prover amplo respaldo aos investigadores, que receberão assistência para interpretar os resultados dos testes genômicos e identificar os tratamentos adequados. “Assim, estas poderosas ferramentas serão melhor compreendidas e utilizadas pela comunidade oncológica brasileira”, conclui Murad.
Para os pacientes, a proposta representa a possibilidade de acesso aos medicamentos alvo-moleculares, hoje a síntese do melhor padrão de cuidados para mutações específicas.
No esteio de identificar e mapear uma ampla casuística do perfil genético dos tumores mais incidentes na população brasileira, a pesquisa a ser conduzida pelo GBOPI/LACOG deve beneficiar também as agências reguladoras, que poderão obter dados relevantes sobre eventos adversos e eficácia, a partir dos resultados do estudo.