Letícia Ferro Leal (foto), do Hospital de Câncer de Barretos (Hospital de Amor), é primeira autora de trabalho publicado na Thoracic Cancer com novos achados sobre o papel preditivo e prognóstico do polimorfismo EGF+ 61A> G SNP em pacientes brasileiros com câncer de pulmão com mutação EGFR tratados com inibidores de tirosina-quinase (TKIs) de primeira geração (erlotinibe e gefitinibe). A biologista Ana Carolina Laus é coprimeira autora do artigo.
O fator de crescimento epidérmico (EGF) e seu receptor (EGFR) desempenham papel fundamental na carcinogênese pulmonar. O polimorfismo 61A> G (rs4444903) na região promotora de EGF foi associado à suscetibilidade ao câncer, mas seu papel em pacientes com câncer de pulmão tratados com inibidores de tirosina-quinase (TKIs) permanece desconhecido.
Neste estudo de pesquisadores do Hospital de Câncer de Barretos (Hospital do Amor), com participação de investigadores da Universidade do Minho, em Portugal, pacientes com câncer de pulmão EGFR mutados tratados com TKIs (gefitinibe/erlotinibe) foram analisados (n = 111) para o genótipo EGF + 61A> G por ensaio de genotipagem. A resposta clínica ao tratamento com TKI foi classificada em parcial (RP), doença estável (DE) e progressão da doença (PD), de acordo com RECIST1.1. A associação entre o genótipo e a resposta foi avaliada pelo teste do qui-quadrado e de Fisher (univariado), pelo modelo multinomial (multivariado) e a análise de sobrevida pelo método de Kaplan-Meier e teste de log-rank.
As frequências do genótipo EGF + 61A> G observadas foram: AA = 31,5% (n = 35), AG = 49,6% (n = 55) e GG = 18,9% (n = 21). As frequências alélicas foram 56,3% para A e 43,7% para G e a população estava em equilíbrio de Hardy-Weinberg (P = 0,94).
O modelo codominante EGF + 61A> G (AA vs. AG vs. GG) foi associado à resposta a TKIs (P = 0,046), bem como a um modelo recessivo (AA vs. AG + GG; P = 0,023). A regressão multinomial mostrou associação entre o modelo codominante (AG) e o modelo recessivo (AG + GG) com DE em comparação com PD (P = 0,01; OR = 0,08; IC 95% = 0,01–0,60 e P = 0,02; OR = 0,12; IC de 95% = 0,20-0,72, respectivamente). Não foi observada associação entre genótipos e sobrevida livre de progressão ou global.
“Nas análises univariada e multivariada o polimorfismo EGF + 61 (AG e AG + GG) foi associado à doença estável em pacientes com CPNPC EGFR mutados tratados com TKIs de primeira geração. Mesmo assim, o SNP não foi associado com ORR ou evolução da doença (sobrevida livre de progressão e sobrevida global)”, destacam os autores.
Em conclusão, o polimorfismo EGF + 61 (AG e AG + GG) foi independentemente associado à doença estável em pacientes com câncer de pulmão, embora não tenha sido associado à taxa de resposta aos TKIs de primeira geração e aos resultados de sobrevida.
Este estudo foi parcialmente financiado pelo Ministério Público do Trabalho de Campinas (Pesquisa, Prevenção e Educação do Câncer Ocupacional), pela FINEP CT-INFRA (02/2010), Fundo de Pesquisa do Hospital de Câncer de Barretos (PAIP) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, Brasil).
A íntegra do artigo de LF. Leal et al. está disponível na Thoracic Cancer, em acesso aberto.
Referência: Leal, L.F., Laus, A.C., Cavagna, R., de Paula, F.E., de Oliveira, M.A., Ribeiro, D.M., Hassan, F.M., Miziara, J.E., da Silva, E.C.A., da Silva, V.D., De Marchi, P. and Reis, R.M. (2020), EGF+61 A>G polymorphism does not predict response to first‐generation EGFR tyrosine kinase inhibitors in lung cancer patients. Thorac Cancer. doi:10.1111/1759-7714.13628