Onconews - Poluição do ar e incidência de câncer de mama em estudo de coorte multiétnica

Resultados de uma grande coorte multiétnica com exposição a poluentes atmosféricos de longo prazo e estudos de coorte prospectivos apoiam o papel de partículas finas (PM2.5) como fator de risco para câncer de mama. “Nossos dados destacam que a prevenção do câncer de mama deve incluir não apenas abordagens centradas no comportamento individual, mas também políticas e regulamentações para toda a população para reduzir a exposição ao PM2,5”, descrevem os autores em artigo publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO).

Estudos recentes sugeriram que a exposição a partículas em suspensão com um diâmetro inferior a 2,5 micrômetros (PM2,5) aumenta o risco de câncer de mama, mas as evidências entre populações racial e etnicamente diversas permanecem escassas.

Nesse estudo, entre 58.358 participantes femininas da Califórnia do estudo de coorte multiétnica (MEC, da sigla m inglês - Multiethnic Cohort) acompanhadas por uma média de 19,3 anos (1993-2018), os pesquisadores utilizaram a regressão de riscos proporcionais de Cox para examinar associações de PM variável no tempo com risco de câncer de mama invasivo (n = 3.524 casos; 70% mulheres afro-americanas e latinas), ajustando para fatores sociodemográficos e de estilo de vida. Análises de subgrupos foram conduzidas para raça e etnia, status do receptor hormonal e fatores de risco de câncer de mama.

O PM2.5 baseado em satélite foi associado a um aumento estatisticamente significativo na incidência de câncer de mama (razão de risco [HR] por 10 μg/m3, 1,28 [IC de 95%, 1,08 a 1,51]). Não encontramos evidências de heterogeneidade nas associações por raça e etnia e status do receptor hormonal.

O histórico familiar de câncer de mama mostrou evidências de heterogeneidade nas associações de PM2.5 (Pheterogeneidade = 0,046). Em uma meta-análise da coorte multiétnica (MEC) e de 10 outras coortes prospectivas, a incidência de câncer de mama aumentou em associação com a exposição ao PM2.5 (HR por aumento de 10 μg/m3, 1,05 [IC de 95%, 1,00 a 1,10]; P = 0,064).

Em síntese, os resultados desta grande coorte multiétnica com exposição a poluentes atmosféricos de longo prazo e estudos de coorte prospectivos publicados apoiam o PM2.5 como um fator de risco para câncer de mama. “Como cerca de metade dos casos de câncer de mama não pode ser explicada por fatores de risco estabelecidos para a doença, e a incidência continua a aumentar, particularmente em países de baixa e média renda, nossos resultados destacam que a prevenção do câncer de mama deve incluir não apenas abordagens centradas no comportamento em nível individual, mas também políticas e regulamentações para toda a população para reduzir a exposição ao PM2,5”, concluíram os autores.

O estudo é financiado pela Health Effects Air Pollution Foundation, National Cancer Institute, USC Environmental Exposures, Host Factors, and Human Disease e California Air Resource Board.

Referência:

Anna H. Wu et al., Air Pollution and Breast Cancer Incidence in the Multiethnic Cohort Study. JCO 0, JCO.24.00418. DOI:10.1200/JCO.24.00418