A preservação da fertilidade utilizando estimulação ovariana não foi associada a um impacto prejudicial em curto prazo no prognóstico de pacientes com câncer de mama que interrompem a terapia endócrina adjuvante para tentar engravidar. Os resultados são do estudo POSITIVE, apresentado inicialmente no SABCS 2023 e publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO).

No estudo, os pesquisadores investigaram o tempo até a gravidez, a eficácia e segurança da preservação da fertilidade e tecnologias de reprodução assistida (TRAs) em mulheres com câncer de mama precoce receptor hormonal positivo (RH+) que desejam uma gravidez futura.

O POSITIVE é um estudo prospectivo internacional, de braço único, com 518 mulheres que interromperam temporariamente a terapia endócrina adjuvante para tentar engravidar. O estudo avaliou a recuperação da menstruação e os fatores associados ao tempo até a gravidez, e investigou se o uso de TRAs estava associado à gravidez. A incidência cumulativa de eventos de intervalo livre de câncer de mama (ILCM) foi estimada de acordo com o uso de estimulação ovariana no momento do diagnóstico. O acompanhamento médio foi de 41 meses.

Resultados

Duzentos e setenta e três pacientes (53%) relataram amenorreia no momento da inscrição, das quais 94% retomaram a menstruação dentro de 12 meses. Entre 497 pacientes avaliadas para gravidez, 368 (74%) relataram pelo menos uma gravidez. A idade jovem foi o principal fator associado ao menor tempo até a gravidez, com incidências cumulativas de gravidez em 1 ano de 63,5%, 54,3% e 37,7% para pacientes com idade <35, 35-39 e 40-42 anos, respectivamente.

Cento e setenta e nove pacientes (36%) tiveram criopreservação de embriões/oócitos no momento do diagnóstico, dos quais 68 relataram transferência de embriões após a inscrição. A transferência de embriões criopreservados foi a única tecnologia de reprodução assistida associada a maior chance de gravidez (odds ratio, 2,41 [95% CI, 1,75 a 4,95]).

A incidência cumulativa de eventos de intervalo livre de câncer de mama em 3 anos foi semelhante para mulheres que foram submetidas à estimulação ovariana para criopreservação no momento do diagnóstico, 9,7% (95% CI, 6,0 a 15,4), em comparação com aquelas que não foram submetidas, 8,7% (95% CI, 6,0 a 12.5).

“No estudo POSITIVE, a preservação da fertilidade utilizando estimulação ovariana não foi associada a um impacto prejudicial em curto prazo no prognóstico do câncer. As taxas de gravidez foram mais altas entre mulheres submetidas à criopreservação de embriões/oócitos seguida de transferência de embriões”, concluíram os autores.

O estudo foi apresentado previamente no SABCS 2023.

Referência:

Hatem A. Azim et al., Fertility Preservation and Assisted Reproduction in Patients With Breast Cancer Interrupting Adjuvant Endocrine Therapy to Attempt Pregnancy. JCO 0, JCO.23.02292. DOI:10.1200/JCO.23.02292