Os mecanismos que ligam a microbiota intestinal e a caquexia do câncer precisam ser mais explorados e pesquisas adicionais são necessárias para avaliar as dosagens apropriadas, a segurança e os resultados a longo prazo do uso de prebióticos e probióticos no manejo da microbiota para a caquexia do câncer. É o que destaca artigo de Dan Waitzberg (foto) e colegas publicado no periódico Current Opinion in Clinical Nutrition and Metabolic Care.
A caquexia é descrita como uma síndrome multifatorial complexa, caracterizada principalmente por perda de peso, perda de massa muscular, anorexia e inflamação sistêmica. É prevalente em pacientes com câncer e está associada a mau prognóstico, incluindo menor resistência à toxicidade do tratamento, qualidade de vida e sobrevida, em comparação com pacientes sem a síndrome.
Neste artigo, os autores revisam evidências que apontam papel da microbiota intestinal no desenvolvimento e progressão da caquexia, ao mesmo tempo em que discutem possíveis mecanismos envolvidos. Waitzberg e colegas também descrevem intervenções promissoras direcionadas à microbiota intestinal, com o objetivo de melhorar os resultados relacionados à caquexia.
“A disbiose, um desequilíbrio na microbiota intestinal, tem sido associada à caquexia do câncer por meio de vias que envolvem perda de massa muscular, inflamação e disfunção da barreira intestinal. Intervenções direcionadas à microbiota intestinal, como probióticos, prebióticos, simbióticos e transplante de microbiota fecal, mostraram resultados promissores no manejo dessa síndrome em modelos animais. No entanto, as evidências em humanos são atualmente limitadas”, destaca a publicação, em análise que reforça a importância de ampliar estudos em humanos.
“Em câncer, o tipo de composição da microbiota intestinal, quando alterado (disbiose), pode influenciar o metabolismo, a inflamação e a imunidade, que podem contribuir para a perda de peso e a fraqueza muscular associada à caquexia do câncer. Exames de sequenciamento genético da microbiota intestinal poderiam contribuir para o diagnóstico da disbiose e possibilitar, com mais segurança, a sua modulação em termos de dieta, probióticos, probióticos e simbióticos”, conclui Waitzberg.
Referência: Rocha, Ilanna Marques; Fonseca, Danielle Cristina; Torrinhas, Raquel Susana Matos; Waitzberg, Dan Linetzky. Understanding the gut microbiota in cancer cachexia. Current Opinion in Clinical Nutrition and Metabolic Care ():10.1097/MCO.0000000000000957, June 23, 2023. | DOI: 10.1097/MCO.0000000000000957