No estudo de fase 1 PROFILE 1001, crizotinibe mostrou atividade antitumoral em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) avançado com rearranjo ROS1. Agora, dados atualizados de sobrevida global e de segurança estão em artigo no Annals of Oncology. Nesta análise são apresentados os resultados de 46,2 meses adicionais de acompanhamento dos pacientes inscritos no estudo PROFILE 1001, que tiveram status de ROS1 positivo e receberam crizotinibe na dose inicial de 250 mg duas vezes ao dia. Quem comenta os resultados é o oncologista William N. William Jr. (foto), Diretor Médico de Oncologia e Hematologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Resultados
Um total de 53 pacientes foram elegíveis e receberam crizotinibe, com uma duração média de tratamento de 22,4 meses. No corte de dados, o tratamento foi contínuo em 12 pacientes (23%). A taxa de resposta objetiva (ORR) foi de 72% (IC 95%, 58-83), incluindo 6 respostas completas confirmadas e 32 respostas parciais confirmadas; 10 pacientes tinham doença estável.
As respostas foram duráveis (duração média de 24,7 meses; IC95%, 15,2–45,3) e as taxas de resposta objetiva foram consistentes em diferentes subgrupos de pacientes. A sobrevida livre de progressão mediana foi de 19,3 meses (IC 95%, 15,2–39,1).
Em relação à segurança, um total de 26 mortes (49%) ocorreram (período médio de acompanhamento de 62,6 meses), e dos 27 pacientes restantes (51%), 14 (26%) estavam em acompanhamento no momento do corte dos dados. A mediana de sobrevida global foi de 51,4 meses (IC 95% 29,3 anos) e as probabilidades de sobrevida em 12, 24, 36 e 48 meses foram de 79%, 67%, 53% e 51%, respectivamente. Os eventos adversos relacionados ao tratamento foram principalmente grau 1 ou 2. Não houve eventos adversos grau ≥4 e nenhum evento foi associado à descontinuação permanente. Não foram observados novos sinais de segurança com o tratamento de longo prazo com crizotinibe.
Em conclusão, os resultados continuam a demonstrar o benefício clinicamente significativo e a segurança de crizotinibe em pacientes com CPNPC avançado com rearranjo em ROS1.
"Os dados de eficácia nesta população de pacientes são impressionantes. A sobrevida mediana alcançada de 51,4 meses seria extremamente improvável se estes pacientes não tivessem tido acesso à terapia-alvo”, observa o oncologista William Nassib William Jr, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Segundo William, apesar da baixa prevalência da fusão do gene ROS (em torno de 1% dos adenocarcinomas de pulmão), o impacto da terapia alvo nesta situação, aliado à alta incidência do câncer de pulmão no Brasil e no mundo faz com que o número absoluto de pacientes que possam se beneficiar de crizotinibe seja bastante relevante. “Esta alteração molecular deve certamente ser pesquisada de rotina em tumores com histologia não escamosa. Estudos em andamento estão investigando inibidores de tirosina quinase de nova geração que poderiam ser utilizados para tratamento de doença resistente ao crizotinibe, o que poderia melhorar ainda mais os desfechos nesta população", afirma o especialista.
ClinicalTrials.gov : NCT00585195
Referência: A T Shaw, G J Riely, Y -J Bang, D -W Kim, D R Camidge, M Varella-Garcia, A J lafrate, G I Shapiro, T Usari, S C Wang, K D Wilner, J W Clark, S -H I Ou, Crizotinib in ROS1-rearranged advanced non-small-cell lung cancer (NSCLC): updated results, including overall survival, from PROFILE 1001ROS1-rearranged advanced non-small-cell lung cancer (NSCLC): updated results, including overall survival, from PROFILE 1001, Annals of Oncology, , mdz131, https://doi.org/10.1093/annonc/mdz131