A ASCO publicou o relatório anual com os avanços clínicos em câncer. A 14ª edição do relatório Clinical Cancer Advances aponta o que foi destaque na pesquisa e desenvolvimento em 2018 e, pela primeira vez, sinaliza as futuras prioridades de pesquisa. “A proposta é servir como um indicador para orientar estudos em áreas que acreditamos ter maior potencial para acelerar o ritmo do progresso, com pesquisas que ajudem a preencher lacunas críticas na prevenção e tratamento do câncer”, aponta o relatório.
Este ano, o grande avanço destacado pelo Clinical Cancer Advances foi no tratamento de cânceres raros. “Obtivemos ganhos impressionantes no entendimento desses tumores raros e na adaptação de tratamentos direcionados as suas características”, reforçou a presidente da ASCO, Monica M. Bertagnolli, ao apontar as pesquisas em cânceres raros entre as top 5 do ano.
Três dos cinco maiores avanços do ano foram promovidos com apoio do National Institutes of Health e do National Cancer Institute, evidenciando o papel do financiamento federal à pesquisa em câncer nos EUA, também responsável por patrocinar quase um terço dos estudos destacados no relatório. “Com a perspectiva de ver avançar o número de casos de câncer nos EUA em cerca de um terço na próxima década, é fundamental que a nação continue a investir “, reforça a Sociedade Americana de Oncologia Clínica. A ASCO lembrou, ainda, que os avanços no tratamento do câncer só fazem sentido quando o paciente tem acesso a eles. Encontrar soluções que ajudem a garantir acesso aos avanços permanece como um desafio e uma prioridade, sinaliza o documento.
O avanço do ano
Nos Estados Unidos, os tumores raros são responsáveis por aproximadamente 20% de todos os casos de câncer diagnosticados a cada ano . Globalmente, as taxas de incidência variam. Cinco estudos permitiram um passo adiante na compreensão dos cânceres raros e integram a seleta lista dos avanços do ano:
1 - Uma nova combinação de terapias-alvo para uma forma rara e de difícil tratamento do câncer de tireoide produziu respostas em mais de dois terços dos pacientes.
2 - Em tumores desmoides, um tipo raro de sarcoma, sorafenibe tornou-se o primeiro tratamento a melhorar a sobrevida livre de progressão.
3 - Uma nova terapia que fornece radiação direcionada às células tumorais, o lutécio-177 (177Lu) diminuiu o risco de progressão da doença ou morte em 79% dos pacientes com tumores neuroendócrinos avançados do intestino médio, comparado com o tratamento padrão.
4 - Trastuzumabe, tratamento padrão para o câncer de mama positivo para o receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2), diminuiu significativamente a progressão do carcinoma seroso uterino HER2-positivo.
5 - O inibidor do fator estimulante de colônia-1 (CSF-1) pexidartinib é a primeira terapia promissora para um câncer raro de articulações conhecido como tumor de células gigantes tenossinoviais, com taxa de resposta geral de 39,3% versus 0% em pacientes do braço placebo.
Prioridades da ASCO para a pesquisa em câncer
A ASCO lembrou que o eixo de todo o progresso terapêutico sempre foi e continua sendo a pesquisa clínica. Em sua 14ª edição, o relatório Clinical Cancer Advances apontou a visão da Sociedade Americana de Oncologia Clínica sobre as futuras prioridades de pesquisa e destacou a prevenção à obesidade entre as prioridades estratégicas:
1 - Identificar estratégias que permitam prever com mais acurácia a resposta às imunoterapias.
2 - Melhor definir as populações de pacientes que se beneficiam da terapia pós-operatória (adjuvante).
3 - Traduzir inovações em terapias celulares para tumores sólidos.
4 - Aumentar a pesquisa de medicina de precisão e abordagens de tratamento em cânceres pediátricos.
5 - Otimizar o atendimento para idosos com câncer.
6 - Aumentar o acesso equitativo aos ensaios clínicos de câncer.
7 - Reduzir as consequências a longo prazo do tratamento do câncer.
8 - Reduzir a obesidade e seu impacto na incidência e nos resultados de câncer.
9 - Identificar estratégias para detectar e tratar lesões pré-malignas.