Onconews - Quando e como falar sobre cuidados paliativos e planejamento antecipado de cuidados?

bianca fulvio 2023Estudo publicado no periódico Palliative & Supportive Care buscou identificar as pacientes com maior probabilidade de participar de discussões sobre cuidados paliativos e planejamento antecipado de cuidados, bem como determinar o melhor momento e a abordagem de discussão preferida. Os pesquisadores em Cuidados Paliativos, Bianca Paiva e Fulvio Trevizan, do Hospital de Câncer de Barretos, são os coordenadores do estudo.

O estudo incluiu mulheres com idades entre 18 e 75 anos com diagnóstico de câncer de mama. Na fase quantitativa foram avaliadas características sociodemográficas e clínicas, conhecimento, tomada de decisão e estigmas. A fase qualitativa incluiu questões sobre a compreensão dos pacientes, o momento e a forma de discutir cuidados paliativos e planejamento antecipado de cuidados, que foram analisadas pela análise de conteúdo de Bardin.

Resultados

Na Fase 1, foram incluídos um total de 115 participantes, sendo que 53,04% concluíram ambas as fases e 46,96% se recusaram a continuar participando. Aqueles que completaram ambas as fases apresentaram taxas mais elevadas de casamento e escolaridade, enquanto aqueles que recusaram a Fase 2 tiveram uma prevalência mais elevada de câncer em fase avançada e tratamento paliativo.

A conclusão de ambas as fases esteve associada a um maior conhecimento da realidade e a uma maior sensibilização para os cuidados paliativos e planejamento antecipado de cuidados. Além disso, a análise qualitativa revelou 5 temas convergentes: timing, desmistificação, capacitação do paciente, eliminação de equívocos e comunicação aberta.

Estes temas informaram o desenvolvimento de um modelo conceitual que fornece uma estrutura para discutir cuidados paliativos e planejamento antecipado de cuidadoscom pacientes em diferentes fases do diagnóstico e tratamento do câncer, destacando abordagens e timings apropriados e inadequados.

“A discussão precoce é benéfica, mas deve-se evitar a retenção de informações ou a violação da autonomia. O estudo revela que indivíduos casados e com maior escolaridade tendem a ser mais receptivos a essas discussões. No entanto, os pacientes com câncer em estágio avançado tendem a recusar a participação. Os pacientes valorizam a comunicação aberta, a desmistificação dos cuidados paliativos e o fortalecimento de discussões que eliminam mal-entendidos”, observaram os autores.

“Devem ser feitos esforços para chegar aos pacientes com familiaridade limitada, especialmente aqueles com câncer em fase avançada, para aumentar a sua receptividade e permitir uma tomada de decisão bem informada”, concluíram.

Além de Bianca Paiva e Fulvio Trevizan, participaram do estudo os pesquisadores Carlos Eduardo Paiva, Laura Fiacadori de Almeida, Marco Antonio de Oliveira e Eduardo Bruera.

Referência: Trevizan, F., Paiva, C., De Almeida, L., De Oliveira, M., Bruera, E., & Paiva, B. (2023). When and how to discuss about palliative care and advance care planning with cancer patients: A mixed-methods study. Palliative & Supportive Care, 1-9. doi:10.1017/S1478951523001517