Estudo publicado no JAMA Network Open identificou subgrupos definidos por subtipo de tumor, idade e/ou índice de massa corporal que podem levar a disparidades raciais e étnicas na sobrevida entre participantes inscritos em ensaios clínicos que recebem cuidados iniciais padronizados para o câncer de mama inicial.
“As mulheres negras nos Estados Unidos apresentam taxas de mortalidade por câncer da mama mais elevadas em comparação com as mulheres brancas. O papel combinado de múltiplos fatores, incluindo índice de massa corporal (IMC), idade e subtipo tumoral, ainda não foi esclarecido”, apontam os autores.
Este estudo de coorte analisou dados de sobrevida (12 de novembro de 2021) de participantes inscritos entre 1997 e 2010 em 4 ensaios randomizados de quimioterapia adjuvante: Cancer and Leukemia Group B (CALGB) 9741, 49907 e 40101, além do North Central Cancer Treatment Group (NCCTG) N9831. O acompanhamento médio foi de 9,8 anos.
Participantes negros não hispânicos e hispânicos foram comparados com participantes brancos não hispânicos dentro de subgrupos de subtipo (receptor hormonal positivo [HR+]/ERBB2-negativo [ERBB2−], ERBB2+ e HR−/ERBB2−), idade (<50, 50 a <65 e ≥65 anos) e IMC (<18,5, 18,5 a <25,0, 25,0 a <30,0 e ≥30,0). Os principais endpoints foram sobrevida livre de recorrência (do inglês, RFS - Recurrence-free survival) e sobrevida global (SG).
Resultados
Entre 9.479 participantes, 436 (4,4%) eram hispânicos, 871 (8,8%) negros não-hispânicos e 7.889 (79,5%) brancos não-hispânicos. A mediana de idade foi de 52 anos (variação 19,0-89,7). Entre os participantes com tumores HR+/ERBB2−, indivíduos negros não-hispânicos tiveram pior sobrevida livre de recorrência (hazard ratio [HR], 1,49; 95% CI, 1,04-2,12; RFS em 5 anos, 88,5% vs 93,2%) em comparação com indivíduos brancos não-hispânicos, embora o teste global para associação de raça e etnia com sobrevida livre de recorrência não tenha sido significativo em nenhum subtipo de tumor.
Não houve diferenças de sobrevida global por raça e etnia em qualquer subtipo. Raça e etnia foram associadas à sobrevida global em participantes jovens (idade <50 anos; P global= 0,008); participantes jovens negros não hispânicos (HR, 1,34; 95% CI, 1,04-1,71; SG em 5 anos, 86,6% vs 92,0%) e participantes hispânicos (HR, 1,62; 95% CI, 1,16-2,29; SG em 5 anos, 86,2% vs 92,0%) tiveram pior SG do que jovens participantes brancos não-hispânicos.
Raça e etnia foram associadas à RFS em participantes com IMC de 25 a menos de 30, com participantes negros não hispânicos apresentando pior RFS (HR, 1,81; 95% CI, 1,23-2,68; RFS em 5 anos, 83,2% vs 87,3%) do que participantes brancos não hispânicos.
“Neste estudo de coorte, foram identificadas disparidades de sobrevida raciais e étnicas em pacientes com câncer de mama que receberam cuidados iniciais padronizados, e encontrados subgrupos potencialmente em risco, para os quais intervenções focadas podem melhorar os resultados”, concluíram os autores.
Referência: Lipsyc-Sharf M, Ballman KV, Campbell JD, et al. Age, Body Mass Index, Tumor Subtype, and Racial and Ethnic Disparities in Breast Cancer Survival. JAMA Netw Open. 2023;6(10):e2339584. doi:10.1001/jamanetworkopen.2023.39584