Um ensaio de fase III apresentado no 47º encontro anual da Sociedade de Ginecologia Oncológica comparou o uso de bevacizumabe e quimioterapia por administração intravenosa (IV) ou intraperitoneal (IP) no tratamento de primeira linha dos cânceres de ovário e das trompas de Falópio, assim como no carcinoma peritoneal. Os resultados mostraram que a quimioterapia IP não melhorou a sobrevida livre de progressão.
Os pesquisadores inscreveram 1.560 pacientes que receberam bevacizumabe (15mg / kg) em administração IV, em ciclos de 2-22, e foram randomizados para três braços distintos de quimioterapia, em seis ciclos. O braço 1 considerou o regime de carboplatina IV + paclitaxel semanal, o braço 2 recebeu carboplatina IP + paclitaxel semanal e o braço 3 recebeu paclitaxel IV+ cisplatina IP. A idade média dos pacientes recrutados foi de 58 anos e 84% tinham doença em estadio III, sendo 72% com histologia serosa de alto grau e 57% sem doença residual após citorredução.
Os resultados mostraram que a quimioterapia IP não melhorou a sobrevida livre de progressão, com mediana de 24,9 meses no braço IV; 27,3 meses no braço carbo IP e 26 meses para cisplatina IP. A SLP mediana para pacientes com tumores de até 1 cm estadio II/III foi de 26,8 (IV), 28.7 (IP carbo) e 27.8 meses (IP cis). Para pacientes com estadiamento III sem doença residual a SLP mediana foi de 31,3, 31,8 e 33,8 meses, respectivamente.
Entre os pacientes tratados com carboplatina IP, 16% migraram para o tratamento IV, enquanto 28% dos pacientes randomizados para cisplatina IP migraram para o tratamento IV. A toxicidade foi equilibrada entre os braços de tratamento. Quinze mortes possivelmente devido à toxicidade foram relativamente bem distribuídas entre os três braços de tratamento. Do mesmo modo, perfurações gastrointestinais ocorreram em todos os braços (intervalo, 3,7% - 5,3%), enquanto quase 30% dos pacientes em cada braço relataram neuropatia periférica. Mais pacientes do braço cisplatina IP apresentaram HTN induzida por tratamento (20,5%), náuseas e vômitos de grau 3/4 (11,2%).
Em conclusão, a sobrevida livre de progressão não foi melhorada com quimioterapia IP. Em relação ao perfil de segurança, os braços IV e IP usando paclitaxel dose densa semanal foi mais bem tolerado que o braço de cis IP.
Referência: 6 – Late-breaking Abstract Session: A phase III trial of bevacizumab with IV versus IP chemotherapy for ovarian, fallopian tube, and peritoneal carcinoma: An NRG Oncology Study