Indivíduos com síndrome de Lynch (SL) apresentam alto risco de câncer colorretal (CCR) e outros tipos de câncer ao longo da vida. O estudo randomizado duplo-cego controlado por placebo CAPP2 demonstrou uma redução de risco relativo de 60% para câncer colorretal entre participantes que aderiram ao AAS, um anti-inflamatório não esteroide (AINE) por 2 anos ou mais. No entanto, apesar dos benefícios comprovados, a aceitação da quimioprevenção de AAS/AINEs é modesta entre indivíduos com síndrome de Lynch, conforme indicam os resultados de estudo publicado no JCO Precision Oncology.
No estudo, indivíduos com síndrome de Lynch foram convidados (junho de 2020 a agosto de 2022) para preencher uma pesquisa eletrônica única sobre comportamentos de triagem de SL, adoção de AAS/AINEs e opções atuais/emergentes de prevenção do câncer. Os participantes foram recrutados do Fox Chase Cancer Center (FCCC) Risk Assessment Program Registry e por meio de um convite de pesquisa publicado em dois sites de advocacy.
Duzentos e noventa e seis participantes concluíram a pesquisa, sendo 116 (39,2%) do FCCC e 180 (60,8%) recrutados pela Internet, incluindo 14,9% de indivíduos não residentes nos EUA. A ingestão regular de AAS ou AINEs foi modesta em 34,8% e foi ainda menor (25,7%) ao focar em indivíduos que tomavam AAS ou AINEs apenas para quimioprevenção de síndrome de Lynch. Mais da metade (55%) estava tomando <100 mg de AAS diariamente.
Na modelagem multivariável, menor ameaça percebida de síndrome de Lynch (razão de chances [OR], 0,84 [IC de 95%, 0,72 a 0,98]), menor preocupação com efeitos colaterais (OR, 0,86 [IC de 95%, 0,76 a 0,99]) e maior probabilidade de recomendar AAS/AINEs para familiares ou amigos foram todos associados ao uso de AAS/AINEs (OR, 1,70 [IC de 95%, 1,37 a 2,10]).
Em síntese, a aceitação da quimioprevenção de AAS/AINEs é modesta entre indivíduos com síndrome de Lynch. “As percepções dos pacientes sobre os prós e contras do AAS, mais do que fatores demográficos e relacionados à doença, foram associadas à aceitação da quimioprevenção”, destacaram os pesquisadores.
Referência:
Sachi Singhal et al., Uptake of Aspirin Chemoprevention in Patients With Lynch Syndrome. JCO Precis Oncol 8, e2400562(2024). DOI:10.1200/PO-24-00562