Estudo de coorte que envolveu 1052 mulheres tratadas com cirurgia conservadora da mama (lumpectomia) seguida de radioterapia adjuvante como tratamento para o câncer de mama inicial identificou vários fatores de risco importantes para o desenvolvimento de linfedema mamário, incluindo maior volume mamário (≥1500 cm³), raça negra, uso de quimioterapia neoadjuvante e adjuvante, celulite pós-operatória e linfedema de braço concomitante. Esses resultados sugerem que pacientes com esses fatores de risco podem se beneficiar de abordagens cirúrgicas alternativas e maior monitoramento para prevenir o linfedema mamário.
Estimativas indicam que aproximadamente 180.000 mulheres receberam diagnóstico de câncer de mama em 2023 com indicação de terapia conservadora da mama, que compreende cirurgia conservadora da mama (ou seja, lumpectomia) seguida por radioterapia pós-operatória de mama inteira (RT).
Neste estudo de coorte retrospectivo, os pesquisadores consideraram pacientes com câncer de mama em estágio inicial que foram submetidas à cirurgia conservadora da mama (lumpectomia) seguida de RT entre 1º de janeiro de 2014 e 31 de julho de 2019 em uma única instituição. Mulheres que desenvolveram linfedema mamário (LM), definido como inchaço da mama persistindo ≥1 ano após RT, foram comparadas com mulheres que não desenvolveram LM. Análises de regressão univariada e multivariada foram usadas para identificar fatores associados ao risco de LM.
Os resultados relatados por Yono et al. mostram que 1.052 pacientes foram incluídas no estudo: 99 (9,6%) desenvolveram LM e 953 (90,6%) não desenvolveram. A média ± desvio padrão da idade foi de 62,9±11,1 anos e o volume médio da mama foi de 1.352,0±744,9 cm3. Os autores descrevem que pacientes com volume mamário ≥1500 cm3 (razão de probabilidade ajustada [aOR]=2,34; IC 95%, 1,40-3,91; p=0,001), pacientes negras (aOR=1,78; IC 95%, 1,12-2,82; p=0,015), aquelas que receberam quimioterapia neoadjuvante (aOR=3,05; IC 95%, 1,28-7,30; p=0,012) ou adjuvante (aOR=2,14; IC 95%, 1,29-3,55; p=0,003), aquelas com celulite pós-operatória (aOR=3,94; IC 95%, 2,20-7,06; p<0,001) e mulheres que desenvolveram linfedema de braço (aOR=2,94; IC 95%, 1,50-5,77; p=0,002) tiveram probabilidade significativamente maior de desenvolver LM.
Em síntese, os dados revelam que pacientes com maiores volumes mamários, pacientes negras, aquelas que recebem quimioterapia e aquelas que desenvolvem linfedema de braço ou celulite podem ter maior risco de linfedema mamário após lumpectomia e RT, sugerindo que pacientes com essas características de risco podem se beneficiar de abordagens cirúrgicas complementares ou alternativas e monitoramento intensificado para evitar LM.
Referência:
Factors Associated with Breast Lymphedema after Adjuvant Radiation Therapy in Women Undergoing Breast Conservation Therapy. Yono, Summer Sami et al.The Breast