A nova era da oncologia personalizada trouxe uma série de novos agentes antineoplásicos orais. No entanto, essa mudança de paradigma exige que os prescritores tenham muito mais conhecimento sobre a absorção e metabolismo dessas drogas e do seu elevado potencial para interações medicamentosas. O alerta vem de estudo publicado no JAMA Oncology, que mostra que a maioria dos antineoplásicos orais aprovados desde 2010 está associada a múltiplas e clinicamente importantes interações medicamentosas (DDIs).
O risco para essas DDIs é aumentado por medicamentos de uso concorrente, prescritos para doenças crônicas preexistentes comuns na população oncológica, e segundo os autores também pela complexidade do cenário do acesso, que por vezes canaliza a obtenção de drogas de alto custo como a quimioterapia oral a programas específicos de dispensa farmacêutica.
Segundo os autores, apesar dos avanços na identificação de interações medicamentosas e dos programas centrados no paciente, a prevalência de DDIs em pacientes admitidos em hospitais ou ambulatórios com reações a drogas é superior a 30%.
A presença de reações adversas cresce conforme aumenta o tempo de exposição. Outra preocupação nem sempre apontada é a perda de eficácia, também um sério problema associado a DDIs com as quimioterapias de uso oral. “Considerando tratar-se de drogas de alto custo, interações que diminuem a eficácia são absolutamente inadmissíveis”, apontaram os autores.
O artigo do JAMA Oncology lembra, ainda, que todas as quimioterapias de uso oral podem potencialmente desencadear reações no complexo enzimático do citocromo P450 (CYP450) e que o mesmo grupo de enzimas aparece em diferentes interações medicamentosas.
A farmacocinética também pode ser profundamente alterada por interações entre agentes terapêuticos, como a conhecida co-administração de dasatinibe e inibidores da bomba de prótons, que pode reduzir a exposição sistêmica e diminuir a absorção da droga.
Referência: Drug-Drug interaction with Oral Antineoplastic Agents - Sandeep Parsadi, Mark Ratain et al - JAMA Oncology, Jun 2016 volume 3, número 6
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