O oncologista brasileiro Gabriel Aleixo (foto), médico na Universidade da Pensilvânia, é primeiro autor de estudo publicado no Journal of Geriatric Oncology que avaliou as diferenças raciais na composição corporal e na sobrevida em pacientes com tumores gastrointestinais. “A maioria dos estudos até o momento avaliou pacientes predominantemente brancos, e o papel da composição corporal entre minorias raciais é desconhecido”, observam os autores.
Medidas de tecido muscular e adiposo podem ser quantificadas a partir de imagens de tomografia computadorizada (TC) obtidas rotineiramente e são preditores de toxicidades relacionadas à quimioterapia e sobrevida entre pacientes com malignidades gastrointestinais (GI).
Neste estudo de coorte prospectivo de pacientes com tumores gastrointestinais, cortes únicos de imagens axiais de TC dos segmentos L3 foram analisados usando o software Slice-O-Matic. A área muscular esquelética (cm2) foi dividida pela altura para obter o índice muscular esquelético (SMI, cm2/m2).
A radiodensidade do músculo esquelético (do inglês, SMD - Skeletal muscle radiodensity) em unidades Hounsfield (HU) foi utilizada para composição muscular. “Comparamos os parâmetros de composição corporal entre participantes não-hispânicos (NH)-Brancos e não-hispânicos (NH)-Negros. Modelos de Cox foram utilizados para examinar o impacto da composição corporal na sobrevida, e propusemos novos pontos de corte específicos por raça para a composição corporal usando estratificação ideal”, esclarecem os autores.
Resultados
Foram incluídos quinhentos e quarenta pacientes, dos quais 24% eram NH-Negros. Nos modelos de Cox estratificados por raça, cada diminuição de 5 cm2/m2 no índice muscular esquelético foi associada ao aumento no risco de mortalidade por todas as causas em pacientes NH-Negros (hazard ratio [HR] 1,25; 95% CI 1,04–1,49 p = 0,02).
Com os pontos de corte existentes, nem a sarcopenia nem a miosteatose foram associadas a pior sobrevida. Usando um novo ponto de corte para sarcopenia em pacientes NH-Negros, os pacientes com sarcopenia (HR 2,31 IC 95% 1,10–4,88 p = 0,03) e miosteatose (HR 2,63 IC 95% 1,25–5,53 p = 0,01) tiveram pior sobrevida.
“Pacientes idosos não-hispânicos negros com câncer gastrointestinal e sarcopenia ou miosteatose apresentam pior sobrevida global”, concluíram os autores.
Referência: Gabriel F.P. Aleixo, Daniel L. Hess, Mackenzie E. Fowler, Smith Giri, Grant R. Williams, Racial differences in body composition and survival among older adults with gastrointestinal malignancies, Journal of Geriatric Oncology, Volume 15, Issue 4, 2024, 101747, ISSN 1879-4068, https://doi.org/10.1016/j.jgo.2024.101747.