O racismo permeia todos os aspectos da saúde e da assistência, o que inclui cuidados paliativos e cuidados de final de vida, aumentando o sofrimento de pacientes de minorias raciais e culturais. É o que mostra estudo de pesquisadores do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, publicado na Cancers.
Os autores destacam que esforços significativos foram feitos para treinar uma comunicação médica culturalmente inclusiva, mas pouco se sabe sobre abordagens em cenários do mundo real diante de pacientes de grupos minoritários. O objetivo deste estudo foi conhecer a percepção de equipes multidisciplinares sobre as prioridades na comunicação de doenças graves e examinar como se dá a tomada de decisão compartilhada em relação a cuidados de final de vida para pacientes de minorias raciais e culturais.
Rosa e colegas descrevem que os profissionais de equipes multidisciplinares (N = 152) que atuam em cuidados paliativos e cuidados de fim de vida foram convidados a ler um estudo de caso detalhado de uma paciente idosa (71 anos) que se identifica como negra e índia americana e expressa sua desconfiança no sistema de saúde, relatando sua vivência com o racismo estrutural e sua experiência pessoal com dor intensa no final da vida, em consequência de um câncer de ovário em estágio terminal.
Depois de ler esse relato de caso, os participantes forneceram respostas escritas a três perguntas abertas sobre estratégias e abordagens de comunicação que empregariam na prestação de cuidados a essa paciente. Em seguida, os pesquisadores realizaram uma análise temática das respostas obtidas, considerando (1) cuidado centrado na pessoa, autêntico e culturalmente sensível; (2) controle da dor; (3) abordagens para construir confiança e conexão; e (4) entender os desafios de comunicação relacionados a questões raciais.
“Os resultados apoiam a necessidade de equipar os médicos com sensibilidade e
consciência para desmantelar barreiras interpessoais e estruturais ao atendimento equitativo e promover a cultura antirracista através da comunicação baseada em evidências, que é empática e centrada na pessoa”, concluem os autores.
Rosa e colegas destacam que este estudo descreve preocupações que podem informar intervenções educacionais voltadas à comunicação culturalmente inclusiva e melhorar a qualidade dos cuidados de fim de vida para pacientes com câncer de grupos minoritários.
A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.
Referência: Rosa WE, McDarby M, Buller H, Ferrell BR. Palliative Care Clinician Perspectives on Person-Centered End-of-Life Communication for Racially and Culturally Minoritized Persons with Cancer. Cancers. 2023; 15(16):4076. https://doi.org/10.3390/cancers15164076