Onconews - Radioterapia: desafios e possibilidades

Nota4_ESTRO_Radiotherapy_1_NET_OK.jpgA edição de julho do International Journal of Radiation Oncology, periódico oficial da American Society for Radiation Oncology (ASTRO), apresenta uma seção especial de 10 artigos com foco na saúde global e na radioterapia no tratamento oncológico em países de baixa e média renda.

Três trabalhos examinaram a necessidade global de ampliar a oferta de radioterapia em países periféricos. Uma das maiores autoridades no assunto, Norman Coleman destacou o esforço para estabelecer uma rede de tutoria entre profissionais para colaborar com países periféricos e auxiliar a desenvolver competências no tratamento do câncer.

As disparidades no acesso à radioterapia também foram lembradas em artigo de David A. Jaffray e Maria Gospodarowicz, que enfatizam o papel das organizações de advocacy em defesa dos pacientes com câncer que não têm acesso ao tratamento. Nessa perspectiva, os autores lembram o esforço da União Internacional de Controle do Câncer (UICC), um grupo de mais de 800 organizações membros que trabalha para reduzir as disparidades globais no tratamento do câncer.

As projeções para 2020 em termos de infra-estrutura de radioterapia e de recursos humanos também integram a publicação. Estudo de Niloy Datta, Massoud Samiei e Stephan Bodis examina o estado atual e as necessidades futuras em países em desenvolvimento. O aumento previsto na incidência do câncer vai criar um aumento dramático na demanda por radioterapia. Os autores propõem 12 medidas que podem contribuir para diminuir no curto e médio prazo as disparidades no tratamento de radioterapia em países em desenvolvimento.

A infra-estrutura também é tema da pesquisa de R. Brandi e colegas, que comparam a utilização do acelerador linear versus a utilização de máquinas de cobalto. Finalmente, a Radiation Oncology examina as responsabilidades das sociedades de radioterapia, incluindo ASTRO, para diminuir as disparidades no acesso global ao tratamento de radioterapia.

A radioterapia tem um papel extremamente importante na cura ou manejo dos tipos mais comuns de câncer, mas é patente a sua subutilização, em muitos países em desenvolvimento.

África

Necessidades específicas do continente africano e soluções propositivas foram alvo do trabalho de Brandon J. Fisher e colegas, que tiveram foco em projetos no Senegal e Botswana. Eles descrevem a escassez do cenário de radioterapia na África, onde há menos de uma unidade de atendimento para cada 10 milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, mostram proramas inspiradores, como o Irradiando Esperança, no Senegal, que apesar do alcance modesto ajuda a corrigir as disparidades.

O Senegal é um país da África Ocidental com uma das maiores taxas de incidência de câncer do colo de útero no mundo. Outra iniciativa é a BOTSOGO (Botswana Oncologia de Evangelização Global), uma parceria entre o Massachusetts General Hospital da Harvard Medical School, o governo de Botswana e a comunidade de oncologia local. Os autores descrevem os esforços da BOTSOGO para melhorar o tratamento do câncer no país, através da educação e assistência.