Pesquisadores da University College London (UCL) identificaram uma assinatura epigenética que pode ser detectada no sangue de mulheres que têm a mutação genética hereditária BRCA1 que predispõe ao câncer de mama. A mutação ocorre em cerca de 10% dos casos da doença. O objetivo da UCL é investigar agora a metilação do DNA (DNAme) para verificar se é possível identificar uma assinatura genética por trás dos outros 90% de casos de câncer.
Martin Widschwendter e colegas analisaram amostras de sangue de dois grandes grupos de mulheres do Reino Unido. As amostras foram retiradas antes que qualquer mulher tenha desenvolvido câncer. Comparando-se as assinaturas de metilação do DNA no sangue, a equipe descobriu que as mulheres que desenvolveram câncer de mama, tanto a forma hereditária quanto a não hereditária, compartilharam a mesma assinatura.
“Portadores da mutação BRCA1 têm um risco de 85% de desenvolver câncer de mama, mas o risco de desenvolver o câncer não-hereditário é difícil de avaliar. Nosso objetivo é testar se uma assinatura de metilação do DNA derivado de portadores da mutação BRCA1 é capaz de prever o câncer de mama não-hereditária”, explica Widschwendter.
Os resultados dessa investigação mostram que sim.
Os dados foram publicados no periódico Genome Medicine, de acesso livre, e surpreendentemente indicam que a mesma assinatura foi capaz de prever o risco de câncer de mama em grandes grupos de mulheres sem a mutação BRCA1, vários anos antes do diagnóstico.
Para os investigadores, essa assinatura epigenética pode ser responsável por silenciar os genes em células do sistema imunológico. Com os genes silenciados, o sistema imune estaria menos apto a prevenir o desenvolvimento do câncer de mama.
Referência: http://genomemedicine.com