Análise que considerou dados de cerca de 250 mil mulheres, a partir de 9 registros de base populacional, é o primeiro estudo a apresentar a dinâmica de risco e o prognóstico do segundo câncer primário após radioterapia (RT) em sobreviventes de câncer de mama. “Nossos resultados sugerem que cerca de 6,6% dos segundos cânceres sólidos podem estar relacionados à RT para o primeiro câncer. A RT foi considerada um fator de risco importante para o desenvolvimento de câncer de mama, câncer no sistema respiratório, câncer de pele, leucemia, câncer de tecido mole (incluindo coração) e câncer de olho e órbita em sobreviventes de câncer de mama”, destacam os autores.
Neste estudo, os pesquisadores analisaram 248.268 pacientes do sexo feminino com câncer de mama, de 9 registros SEER, no período de 1988 a 2018, com o objetivo de identificar a ocorrência de segundo câncer primário (SCPs) >5 anos após o tratamento inicial, comparando os riscos de SCP entre coortes de RT e não RT usando regressões Fine-Gray e Poisson.
Os resultados foram relatados por Hou et al. no periódico The Breast e descrevem que 55,4% dos participantes receberam cirurgia e RT. O grupo de RT teve uma incidência maior de SCP, com o excesso de incidência caindo significativamente de 6,9% em 1990 para 0,2% em 2012. A incidência de SCP em 30 anos foi de 24,69% na coorte de RT e de 18,11% na coorte de NRT.
A RT aumentou o risco de SCPs (HR, 1,29 [IC 95%, 1,26-1,33]; P < 0,001), CB (HR, 1,58 [1,52-1,64]; P < 0,001), câncer do sistema respiratório (HR, 1,21 [1,13-1,30]; P = 0,013), câncer de pele (HR, 1,26 [1,10-1,44]; P < 0,001), leucemia (HR, 1,30 [1,11-1,54]; P = 0,001), câncer de tecido mole (HR, 1,78 [1,34-2,37]; P < 0,001) e câncer de olho e órbita (HR, 2,21 [1,02-4,80]; P = 0,044), exceto pela redução do risco de mieloma múltiplo (HR 0,76).
A análise revela que os riscos relacionados à RT (RR) para câncer de mama diminuíram com o aumento da idade e o ano do diagnóstico, aumentaram com latência mais longa, mas o RR dinâmico para câncer do sistema respiratório apresentou tendências quase opostas. Comparativamente, a coorte de RT teve maiores taxas de incidência padronizadas do que a coorte de NRT e a população em geral. Embora a sobrevida global de 15 anos tenha sido semelhante entre as coortes de RT e NRT, a presença de SCP reduziu significativamente a sobrevida de 30 anos de 35,64% para 23,90%.
Em síntese, a RT pode aumentar a suscetibilidade a SCP na mama, sistema respiratório, pele, tecido mole, olho e órbita, e leucemia em sobreviventes de câncer de mama.
Referência:
Radiotherapy and Increased Risk of Second Primary Cancers in Breast Cancer Survivors: An Epidemiological and Large Cohort Study
Hou, Niuniu et al. The Breast